Ministro das Finanças reitera que Cabo Verde está num “bom caminho” na redução da dívida pública

24/01/2024 12:51 - Modificado em 24/01/2024 12:52

O vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças reiterou hoje que o Governo está num “bom caminho” na redução da dívida pública em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) actualmente calculado em 113 por cento (%).

Instado a comentar a notícia que coloca Cabo Verde entre os 18 países em África que têm um rácio de dívida sobre o PIB acima de 70%, e que segundo a Análise da Sustentabilidade da Dívida (DS) feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial é considerado sobre-endividamento, Olavo Correia adiantou que o país tem feito uma “boa trajectória” de redução da dívida pública.

“Cabo Verde foi identificado como sendo um dos dois países que melhor desempenho teve nessa matéria nos últimos anos. Portanto, estamos no bom caminho. Mas recebemos a dívida pública em 130, ela não pode diminuir para 50 em dois dias”, disse

“É preciso um percurso que estamos a percorrer, uma trajetória de redução que é o que estamos a procurar. E, portanto, estamos no bom caminho e vamos continuar a fazer com que Cabo Verde seja um exemplo em matéria da boa gestão da coisa pública e garantir a trajectória de redução da dívida pública em percentagem do PIB”, acrescentou.

Em entrevista à Agência Lusa, esta segunda-feira, no seguimento da divulgação do relatório sobre as perspetivas económicas mundiais, a economista das Nações Unidas Nelly Rita Muriuki disse que a subida da dívida pública em África está a desviar despesa da saúde e educação para pagar dívidas, hipotecando o desenvolvimento.

“Vemos uma tendência dos governos para gastarem grande parte das receitas em pagamento das dívidas, afectando sectores sociais como a Saúde e a Educação, e reduzindo os gastos públicos nas infraestruturas, o que nega as perspectivas de desenvolvimento, e é por isso que houve uma queda do crescimento económico, de 3,5% em 2022 para 3,3% em 2023”, disse Muriuki.

A economista do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais (UNDESA) vincou que os países africanos têm um excesso de dívida que impede a contração de novas dívidas, situação caracterizada em inglês pela expressão ‘debt overhang’.

“Há 18 países [em África] que têm um rácio de dívida sobre o PIB acima de 70%, o que, segundo a Análise da Sustentabilidade da Dívida (DS) feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial é considerado sobre-endividamento”, disse a economista, salientando que o rácio da dívida sobre o PIB em Angola está nos 84,9%, em Cabo Verde é de 113% e em Moçambique está nos 90%.

Neste contexto de sobre-endividamento generalizado e com dois países que já falharam os compromissos com os credores, primeiro a Zâmbia e mais recentemente o Gana, a previsão é que 2024 seja um ano difícil para os países da região.

“Os agentes do mercado estão a acompanhar atentamente as negociações de reestruturação da dívida que estão em curso no Gana e na Zâmbia, devido ao seu incumprimento em 2021 e 2022; esperemos que esta tendência para o incumprimento não se estenda a outros países”, acrescentou.

Inforpress/fim

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