Estudo revela que as mulheres em Cabo Verde realizam mais trabalhos não remunerados do que homens

7/11/2023 14:29 - Modificado em 7/11/2023 14:29

O estudo apresentado pelo ICIEG sobre “Outras Formas de Trabalho” 2022 revela que 92 por cento (%) das mulheres em Cabo Verde, a partir dos 15 anos, executaram trabalhos não remunerados, em comparação com 71 % dos homens.

O módulo “Outras Formas de Trabalho” (Trabalho Não Remunerado) apresenta dados recolhidos no âmbito do Inquérito Multiobjetivo Contínuo (IMC) 2022, relativos às actividades laborais realizadas por indivíduos sem receberem em troca um salário ou compensações financeiras.

No âmbito desta análise, as principais formas de trabalho não remunerado incluem o trabalho para o próprio consumo, o trabalho voluntário, o trabalho de cuidados a pessoas e o trabalho de afazeres domésticos.

Conforme explicou a presidente do Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG), Mariza Carvalho, o relatório traz um pouco daquilo que é a percepção que as pessoas têm, ou seja, mostra que as mulheres têm uma dupla jornada de trabalho.

“Nós verificamos que a partir dos 15 anos de idade, 92% das mulheres em Cabo Verde executaram trabalham não remunerado, quer isto dizer que executaram trabalhos que no fundo tomam muitas vezes tempo a dobrar”, avançou

Ou seja, esclareceu, o estudo indica que todas as mulheres de todas as faixas etárias, de toda a localização, qualquer que seja o seu nível de instrução ou agregado, realizam mais trabalhos não remunerados que os homens, advertindo que os realizados pelos homens não estão a beneficiar ou a retirar a sobrecarga de trabalho das mulheres.

Trata-se, segundo salientou, de um trabalho que não é visível, que não é muitas vezes valorizado, mas que ocupa tempo e que é também um grande suporte das famílias e das sociedades.

“Há municípios onde há uma maior disparidade, municípios até surpreendentes, como São Vicente que representa uma diferença na ordem de 30 %, seguido de Santa Cruz, e os outros municípios do interior de Santigado”, ressaltou.

Por isso, o ICIEG espera que o estudo sirva também para viabilizar o trabalho das cuidadoras informais, e que ajude a traçar medidas com vista à implementação e ao reforço, ainda mais, do sistema nacional de cuidados.

“O nosso objectivo é trabalhar com o INE, nós hoje também iremos assinar um protocolo com o Instituto Nacional de Estatísticas para a reactivação do observatório do género, que pressupõe exactamente que tenhamos indicadores anuais, da área da saúde, educação, violência, e também estas questões do uso do tempo no mercado de trabalho”, adiantou.

A ideia, explicou, é trabalhar em conjunto para ter estes marcadores, regularmente, que contribuam para traçar metas e a ver também onde é que estão as desigualdades e como é que se pode actuar.

“Nós tivemos 10 anos para ter esta actualização, porque no fundo, isto é fruto de um projecto que nós temos com a cooperação espanhola, e que visava a actualizar o estudo de 2018, exactamente sobre o uso do tempo e o trabalho não remunerado”, afirmou.

A apresentação pública do relatório foi presidida pelo ministro da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social, Fernando Elísio Freire, na presença ainda da coordenadora Geral da Cooperação Espanhola em Cabo Verde, Patricia Fernández, e do vice-presidente do INE, Fernando Rocha.

Inforpress/Fim

Comente a notícia

Obrigatório

Publicidades
© 2012 - 2024: Notícias do Norte | Todos os direitos reservados.