Arménio Vieira e Germano Almeida são os dois únicos escritores cabo-verdianos distinguidos com o Prémio Camões de literatura em língua portuguesa – A lista possui 35 distinções

11/10/2023 14:23 - Modificado em 11/10/2023 14:23

Arménio Vieira e Germano Almeida são os dois únicos escritores cabo-verdianos distinguidos com o Prémio Camões de literatura em língua portuguesa – A lista possui 35 distinções. Brasil e Portugal lideram a lista de distinguidos com o Prémio Camões, com 14 premiados cada, seguindo-se Moçambique, com três, Cabo Verde, com dois, e Angola, com Pepetela mais o lusoangolano Luandino Vieira.

O escritor e tradutor português João Barrento, vencedor da edição deste ano, sucede ao brasileiro Silviano Santiago, que conquistou o prémio em 2022.

O poeta Arménio Vieira, o primeiro cabo-verdiano a receber o Prémio Camões, em 2009, nasceu na cidade da Praia, ilha de Santiago, em 24 de janeiro de 1941. Além de escritor é jornalista, e foi escolhido na altura por deliberação do júri tendo “em consideração a generosidade de seu talento, diálogo com os clássicos e sua inserção na modernidade”.

De acordo com a Comissão Julgadora, a escolha “pretendeu realçar a centralidade de sua visão humanística e o universo simbólico, caracterizado por uma poética onde o particular cabo-verdiano coincide com um visionário de carácter universal”.

Helena Buescu, que presidiu ao júri, afirmou que Arménio Vieira “produziu uma obra que merece entrar para um certo cânone das literaturas em língua portuguesa”. E o seu conterrâneo Germano Almeida definiu-o como “um dos maiores poetas do arquipélago”.

Exerceu múltiplas atividades profissionais, tendo sido nomeadamente redator do extinto jornal Voz di Povo. Como poeta e ficcionista publicou Poemas (1981), o Eleito do Sol (romance, 1990), No Inferno (romance, 1999), editado no ano seguinte em Portugal pela Caminho, e MITOgrafias (2006). Tem colaboração dispersa em várias publicações (Mákua, Alerta, Boletim de Cabo Verde, Imbondeiro, Vértice, Raízes, Ponto & Virgula, entre outras) e está incluído em diversas colectâneas.

Em 2013 lançou os livros “O Brumário” e “Derivações do Brumário”.

E em 2018, o escritor Germano Almeida, torna-se o segundo cabo-verdiano a vencer o prémio. Foi escolhido por unanimidade, na reunião do júri do Prémio Camões, em Lisboa, tendo sido destacada “a riqueza de uma obra” na qual “se equilibram a memória, o testemunho e a imaginação”.

  • O testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo (1989)
  • O dia das calças roladas (1992)
  • O Meu Poeta (1990)
  • A Ilha Fantástica (1994)
  • Os Dois Irmãos (1995)
  • Estórias de dentro de Casa (1996)
  • A morte do meu poeta (1998)
  • A Família Trago (1998)
  • Estórias contadas (1998)
  • Dona Pura e os Camaradas de Abril (1999)
  • As memórias de um espírito (2001)
  • Cabo Verde – Viagem pela história das ilhas (2003) – Apresentação histórica das nove ilhas habitadas de Cabo Verde
  • O mar na Lajinha (2004)
  • Eva (2006)
  • A morte do ouvidor (2010)
  • De Monte Cara vê-se o mundo (2014)
  • O Fiel Defunto (2018)
  • O Último Mugido (2020)
  • Confissão e a Culpa (2021)

O Prémio Camões de literatura em língua portuguesa, instituído pelos Governos de Portugal e do Brasil em 1988 é o maior prémio da Língua Portuguesa, foi atribuído pela primeira vez em 1989, ao escritor português Miguel Torga.

Com a sua atribuição, é prestada anualmente uma homenagem à literatura em português, recaindo a escolha num escritor cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento “do património literário e cultural da língua comum”, segundo o protocolo estabelecido entre Portugal e o Brasil, assinado em junho de 1988, que instituiu o prémio.

A história do galardão conta apenas com uma recusa, a de Luandino Vieira, em 2006.

Lista dos distinguidos com o Prémio Camões:

1989 – Miguel Torga, Portugal

1990 – João Cabral de Melo Neto, Brasil

1991 – José Craveirinha, Moçambique

1992 – Vergílio Ferreira, Portugal

1993 – Rachel Queiroz, Brasil

1994 – Jorge Amado, Brasil

1995 – José Saramago, Portugal

1996 – Eduardo Lourenço, Portugal

1997 – Pepetela, Angola

1998 – António Cândido de Mello e Sousa, Brasil

1999 – Sophia de Mello Breyner Andresen, Portugal

2000 – Autran Dourado, Brasil

2001 – Eugénio de Andrade, Portugal

2002 – Maria Velho da Costa, Portugal

2003 – Rubem Fonseca, Brasil

2004 – Agustina Bessa-Luís, Portugal

2005 – Lygia Fagundes Telles, Brasil

2006 – José Luandino Vieira, Portugal/Angola

2007 – António Lobo Antunes, Portugal

2008 – João Ubaldo Ribeiro, Brasil

2009 – Arménio Vieira, Cabo Verde

2010 – Ferreira Gullar, Brasil

2011 – Manuel António Pina, Portugal

2012 – Dalton Trevisan, Brasil

2013 – Mia Couto, Moçambique

2014 – Alberto da Costa e Silva, Brasil

2015 – Hélia Correia, Portugal

2016 – Raduan Nassar, Brasil

2017 – Manuel Alegre, Portugal

2018 – Germano Almeida, Cabo Verde

2019 – Chico Buarque, Brasil

2020 – Vítor Aguiar e Silva, Portugal

2021 – Paulina Chiziane, Moçambique

2022 – Silviano Santiago, Brasil

2023 – João Barrento, Portugal

NN/Lusa

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