Casa da Morna quer promover “produto turístico de excelência” na Boavista

9/10/2023 17:01 - Modificado em 9/10/2023 17:01

A morna, género musical cabo-verdiano classificado como património da humanidade, vai ter uma casa inteiramente dedicada à sua história para promover um “produto turístico de excelência”, disse à Lusa Nádia Santos, autarca da ilha da Boa Vista.

Um dos objetivos do projeto passa por divulgar o género musical, “num espaço que reúna diversas atividades da arte e cultura, potencializando a morna como produto turístico de excelência”, afirmou, ao destacar uma figura central, Maria Barba.

A Casa da Morna visa homenagear a primeira embaixadora do estílo musical e todas as cantadeiras que se lhe seguiram na primeira aldeia da ilha, Povoação Velha.

Maria Barba cedo recebeu o título de embaixadora da morna, por a ter cantado, em 1934, no Palácio de Cristal da cidade do Porto, representando Cabo Verde com um grupo de músicos e cantadeiras na primeira exposição colonial portuguesa.

Seis anos depois, na exposição do mundo português, em Lisboa, voltou a ser aplaudida.

Nádia Santos classifica-a como uma figura histórica “com razões mais que plausíveis para se reconhecer o seu legado e tributo à cultura da nação cabo-verdiana e da população da Boa Vista, em particular”.

O projeto do edifício aguarda recursos e calendarização para sair do papel, prevendo-se que tal aconteça em 2024.

Ocupará uma área de 600 metros quadrados e está orçado em 40 milhões de escudos (362 mil euros), sendo constituída por  espaços de exposição e espetáculos, um dos quais no exterior, e que os promotores querem colocar na agenda cultural do arquipélago.

Será ainda um local para cursos e oficinas, entre outras atividades artísticas.

Cremilda Medina, uma das artistas que participaram num festival da morna, que decorreu há uma semana, na ilha da Boa Vista, disse à Lusa que este género musical deve merecer uma “atenção especial” por ter colocado Cabo Verde no mapa mundial.

“Todas as atividades que possam ser feitas para a preservação da morna devem merecer o carinho, não só dos artistas, mas de todos os cabo-verdianos”, apontou a cantora, sublinhando a alegria de ver que a ilha da Boa Vista terá uma Casa da Morna que vai homenagear algumas personalidades.

“A morna não é música de `gentbedje´ (termos em crioulo que significa “pessoas idosas”), é um estilo musical que transcende idades e estratos sociais, é, tão simplesmente, o estilo musical que representa a nossa essência, as nossas gentes”, salientou.

A morna foi proclamada a 11 de dezembro de 2019, como Património Imaterial Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla inglesa).

O estilo conheceu o seu expoente através da cantora Césaria Évora (1941 — 2011), que abriu as portas do mundo a um país insular de pouco mais de meio milhão de residentes – com o triplo na diáspora, incluindo descendentes.

A morna surgiu de uma mistura de estilos musicais com fortes raízes africanas, o landum, com as influências da modinha luso-brasileira, recorda o dossiê de candidatura à UNESCO.

É interpretada em crioulo cabo-verdiano, geralmente acompanhada por viola, cavaquinho, violino e piano.

O “instrumento de excelência da morna” é o violão, introduzido em Cabo Verde no século XIX.

LUSA

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