Festival Baía das Gatas: Ministro desafia autarquia a usar estrutura da baía para realizar festivais especializados

14/08/2023 19:38 - Modificado em 14/08/2023 19:38

O ministro da Cultura e das Indústrias Criativas exortou a Câmara Municipal de São Vicente a usar estrutura de Baía das Gatas para a realização de outros tipos de festivais especializados, por exemplo, de DJ.

Abraão Vicente falava à Inforpress no encerramento da 39ª edição do certame mindelense, que terminou na manhã de hoje, por volta das 06:30.

O governante lembrou ter sido este o certame, criado em inícios dos anos 80, que inspirou todos os outros festivais do País, para celebrar a música cabo-verdiana, e continua a ser o único com estrutura montada durante o ano inteiro e, daí, a necessidade de se utilizar para outros tipos de festivais, por exemplo, um só de DJ.

“Ter uma estrutura física para se utilizar uma vez por ano acaba por ser um pouco contrassenso”, indicou.

Entretanto, apontou como “maior desafio” da Festival da Baía das Gatas, mas também de outros eventos musicais do País, o de conseguir encontrar o “equilíbrio” entre a música contemporânea, “música da moda”  e o tradicional cabo-verdiano.

“É na programação artística que temos de precaver esse desuso, digamos assim, entre as práticas culturais tradicionais, morna, coladeira e funaná”, defendeu Abraão Vicente, para quem os festivais do arquipélago devem começar a pensar na especialização da sua oferta.

Isto porque, segundo a mesma fonte, estes “não podem continuar a ser cópias uns dos outros” e fazer “alguns artistas tocarem em 22 concelhos, enquanto que há outros que não tocam em nenhum”.

Além do tradicional cabo-verdiano, o ministro frisou o impacto da participação de artistas ligados ao ‘afrobeat’ e ao tradicional africano.

Mais ainda, o mesmo disse acreditar ser possível criar “palcos paralelos” no evento de São Vicente para actuação de artistas, como a Cesária Évora, que, como se lembra, cantou no areal no período de tarde.

“Creio que deve haver uma programação dentro do Baía das Gatas para conciliar essas duas partes, porque é também uma demanda popular”, considerou Abraão Vicente, que disse conseguir ver Baía das Gatas com mais de quatro festivais em simultâneo.

Deixando as críticas um pouco à parte, Abraão Vicente abre uma brecha e dá os parabéns à Câmara Municipal de São Vicente pelo festival, que, como disse, se transformou num “evento multi-cultural e multi-nacional”, mas, ainda assim com “custos elevadíssimos” e com “pouco marketing” dos privados.

Outros dos elogios feitos foi o facto de o certame acontecer fora da cidade e com um impacto que, a seu ver, devia ser imitado pelos outros festivais de Cabo Verde, por exemplo, o de Gamboa.

Entretanto, “como não há bela sem senão”, o ministro da Cultura alertou para o “consumo excessivo do álcool” que ele próprio constatou e apontou como factor de “destruição da juventude” e também para o “alto consumo” de materiais de plástico descartáveis.

O Festival Internacional de Música de Baía das Gatas encerrou na manhã de hoje com actuações de Ary Beatz, Yuran Beatz e Mc Acondize.

Inforpress/Fim

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