Em meio ao cenário do Largo do Mercado de Ribeirinha, a tradição de comprar produtos frescos e locais é desafiada pelos altos preços. Consumidores expressam preocupação com a escalada de valores, tornando a aquisição dos produtos básicos uma verdadeira prova para os orçamentos das famílias. Esse cenário vem acompanhado de desafios económicos que afetam diretamente o bolso dos consumidores e comerciantes.
Todas as segundas, quartas e sextas-feiras, uma multidão se reúne para garantir os produtos frescos e essenciais, durante a descarga destes produtos agrícolas provenientes da ilha vizinha de Santo Antão, assim como das zonas agrícolas locais de Calhau e Ribeira de Vinha, ambas de São Vicente.
Os preços dos produtos agrícolas no mercado local têm gerado discussões entre comerciantes e consumidores. O Notícias do Norte conversou com alguns comerciantes que compartilharam a suas perspetivas sobre a situação, que cada um vendo o que pode e consumidores comprem o que também podem.
O senhor António Silva, veterano no ramo, compartilha a sua visão sobre os preços. “A coisa está difícil. A cenoura, por exemplo, está a ir para casa das trezentas escudos o quilo. É um absurdo. Mas precisamos cobrir os custos. Os fornecedores estão a elevar os preços, e a acabamos por repassando isso para quem compra”, lamentou.
A senhora Ana Sousa, que é outra figura conhecida no mercado, falou sobre a batata-doce, antes a 180 escudos o quilo, já chegou a 300 este ano. “O jeito é se adaptar. É difícil para nós comerciantes e, claro, para as donas de casa que precisam fazer malabarismos para manter o orçamento doméstico”, comentou.
O comerciante José Oliveira, destacou a oscilação nos preços do coentro. “O coentro, que é um tempero básico por aqui, está pela hora da morte. Mil e cem escudos o quilo é um preço absurdo. Os fornecedores dizem que é devido às condições climáticas e dos custos de produção, mas todos sentimos no bolso”, destacou.
Por falar em donas de casa, ao conversarmos com algumas delas, percebemos a insatisfação com os preços praticados. Maria da Silva, residente, expressa a sua preocupação. “Não sei como vamos fazer. Os preços estão nas alturas, e o salário não acompanha. O coentro, por exemplo, a mil e cem escudos o quilo. Muito caro. Como vamos cozinhar sem coentro?”, questionou
Ana Oliveira, outra dona de casa, complementa: “A abóbora, que já chegou a 260 escudos, agora está em 170. Ainda é caro, mas pelo menos deu uma baixada. Vamos nos desenrascando como pode, mas está difícil manter uma alimentação saudável com esses preços”, disse.
Outra entrevistada que não quis se identificar, comentou que com 1000 escudos não se consegue comprar muita coisa, o que para a mesma é lamentável, principal quando o salário mínimo é o mesmo.
Além desses relatos, há uma preocupação generalizada entre os frequentadores do mercado sobre o aumento consistente nos preços de alimentos básicos. A couve, por exemplo, que já esteve cotada a 130 escudos o quilo, agora atinge 170 escudos. O tomate, amplamente utilizado nos pratos típicos locais, também teve um aumento significativo, chegando a 200 escudos o quilo.
Apesar dos preços elevados, o mercado de Ribeirinha continua a ser um ponto de encontro movimentado. A movimentação intensa demonstra a importância do mercado na vida da comunidade, mesmo diante dos desafios económicos.
AC – Estagiária