A coordenadora do Programa de Prevenção e Controlo das Doenças Oncológicas defendeu hoje ser urgente colmatar as dificuldades no diagnóstico precoce da doença, avançando que o programa vai trabalhar sob as estruturas de atenção primária existentes no País.
Carla Barbosa falava à imprensa no lançamento do Programa de Diagnóstico Precoce do Cancro da Mama, na Cidade da Praia, uma iniciativa do Ministério da Saúde, através do Programa Nacional de Luta Contra o Cancro (PNLCC) como parte das actividades da campanha “Outubro Rosa e Novembro Azul”, sob o lema “Deteção Precoce de Cancro da Mama”.
De acordo com a responsável, o cancro de mama é a tipologia com maior incidente no mundo, porém, em termos de morbilidade e mortalidade “não é semelhante em todos os países”, daí que defendeu a necessidade de colmatar esta dificuldade, desenvolvendo os recursos das estruturas de saúde visando melhor o acesso ao diagnóstico precoce da doença.
O programa vai estar assente em três pilares de intervenção, designadamente, elencou, a educação da população feminina e consciencialização dos sinais sintomas de alerta, a capacitação dos profissionais de saúde na identificação e tratamento dos doentes, e a formação de uma estrutura organizada de forma a dar respostas essenciais e céleres aos pacientes oncológicos.
Segundo informou, os profissionais vão trabalhar com ferramentas de registos para que, após o programa, os dados estejam susceptíveis para avaliação, porque, explicitou, só dessa forma será possível abordar e tratar da melhor forma os casos detectados, reduzindo o impacto da doença no País.
Foram registados, recordou, 69 casos de cancro de mama em 2022 segundo os dados provisórios do Registo Oncológico, totalizando 34% da totalidade dos cancros envolvendo também 219 casos diagnosticados de cancro de próstata em homens.
As estatísticas revelaram ainda que só em 2022 foram diagnosticados 442 casos de cancro em Cabo Verde, sendo 223 em mulheres, demonstrando, no entender de Carla Barbosa, a importância da agilização do processo de diagnóstico e tratamento precoce da doença.
“Nós vamos trabalhar nas estruturas que já existem da atenção primária, em programas que já estão e que trabalham de forma organizada, nomeadamente o programa de saúde reprodutivo onde a maioria das mulheres entram pelo planeamento familiar e gravidez”, afirmou, assegurando que vão estabelecer registos informáticos e consultas mamárias com exames clínicos para o tratamento mais adequado da doença.
O cancro é a terceira causa de morte no país, sendo que em relação aos homens há uma grande predominância dos cancros ligados ao aparelho digestivo e da próstata, enquanto nas mulheres os mais comuns são os da mama, 50 casos e 14 óbitos anualmente, e do colo do útero.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, (OMS) a estratégia de diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio de apresentação do cancro.
Nessa estratégia, destaca-se a importância da educação da mulher e dos profissionais de saúde para o reconhecimento dos sinais e sintomas suspeitos de cancro de mama, o acesso rápido e facilitado dos serviços de saúde tanto na atenção primária quanto nos serviços de referência para investigação diagnóstica.
Inforpress/Fim