Incêndio/Serra Malagueta: PAICV pede “profunda reflexão” e mais meios às FA e Protecção Civil

4/04/2023 18:13 - Modificado em 4/04/2023 18:13

O presidente do PAICV, Rui Semedo, defendeu hoje uma “profunda reflexão” sobre aquilo que aconteceu na sequência do incêndio de Serra Malagueta e a morte dos militares e pediu “mais meios” às Forças Armadas (FA) à Protecção Civil.

Rui Semedo falava em conferência de imprensa, na cidade da Praia, para balanço da visita realizou esta segunda-feira, 03, à Serra Malagueta para se inteirar da situação, durante a qual manteve contactos com autoridades camarárias do Tarrafal e Santa catarina, com as pessoas cujos as terras foram devastadas e com os familiares de duas vítimas mortais para apresentação das condolências.

O líder do principal partido da oposição classificou a situação de “grave” já que, precisou, para além dos rastos de “grandes estragos materiais”, a tragédia provocou a morte de nove pessoas, dos quais oito militares, numa circunstância que poderia “eventualmente ser evitada”.

“A morte de oito militares numa situação de um país que não está em guerra é extremamente elevado”, realçou, indicando que é momento agora de minimizar a dor que atinge as famílias, com apoios e solidariedade, e depois “reflectir profundamente” sobre o que terá provocado esse incidente.

Neste sentido saudou a detenção do suposto autor do incêndio e a iniciativa do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas em anunciar publicamente que vai ser feita uma investigação sobre o que terá originado esse acidente.

“Não servirá para melhorar o que já aconteceu, mas servirá para evitar novos acidentes desta envergadura. Uma outra questão que deverá ser pensada é repensar a questão dos meios para as forças armadas”, considerou o político.

Rui Semedo indicou que é necessário pensar os meios para a protecção das Forças Armadas, tanto do ponto de vista terrestre como do ponto de vista marítimo, e fazer projecção  das forças para acudir em situação de emergência em segurança também noutras ilhas, caso vier a ser necessário.

“Neste momento as Forças Armadas não dispõem de meios operacionais para fazer isso, designadamente meios   aéreos.  Há vários anos que as nossas forças armadas não dispõem de um único meio aéreo que permitisse a projecção das forças para a catástrofes nas outras ilhas”, indicou, sublinhando que às Forças Armadas devem ser garantidas meios técnicos, materiais e logísticos para poderem desempenhar da melhor forma a sua missão e o seu papel.

Rui Semedo sustentou ainda que o momento é também de pensar na Protecção Civil e “corrigir as fragilidades colocadas a nu” com esse incidente.

E, neste particular, salientou que é necessário que o Governo se sente à mesa com as câmaras municipais para a reorganização da Protecção Civil e criar todas as condições para que o País possa ter um serviço operacional, com materiais, financiamento, profissionais motivados e sempre condições de fazer o melhor.

“Para Santiago, pensar num serviço único, sem desprimor para os núcleos que possam existir a nível das câmaras municipais ter um serviço único que permita uma maior capacidade de intervenção no caso de emergência como nós verificamos e para ter um serviço funcional com eficácia, um serviço operacional.  Investir na preparação e na prevenção das áreas de riscos”, acrescentou.

E tendo em conta a orografia montanhosa da ilha, o presidente do principal partido da oposição sugeriu ainda a criação de trilhos que servirão não apenas para circulação das pessoas, como tambem para situações de emergência.

“As pessoas, os serviços e as instituições têm que ser preparadas para esta realidade concreta e poder desempenhar da melhor forma a sua função”, clarificou.
O incêndio na Serra Malagueta deflagrou no sábado, 01.

Foram três dias de intenso combate ao incêndio de grandes proporções, com um considerável corpo operacional de 122 bombeiros, 66 militares, 40 efectivos da Polícia Nacional de Santiago Norte e 24 elementos da Cruz Vermelha.

Ao todo foram registadas nove vítimas mortais, das quais oito militares que faleceram em decorrência de um acidente de viação, no domingo, 02, quando seguiam para cumprimento da sua missão no combate ao incêndio.

O Governo decretou hoje dois dias de luto nacional (03 e 04 de Abril) em memória dos militares, falecidos no acidente.

Inforpress

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