Mais de dois milhões de crianças estão “desesperadamente a precisar de assistência humanitária” no Níger, com uma elevada taxa de má nutrição, agravada por um golpe militar, avisou hoje o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
“Asituação atual é de grande preocupação e acrescenta um já difícil panorama humanitário, com a prevalência de má nutrição severa entre as crianças a ser uma das piores na África Central e Ocidental, hoje mais de dois milhões de crianças sofrem com a crise e estão desesperadamente a precisar de assistência humanitária”, lê-se num comunicado do representante da Unicef para o Níger, Stefano Savi.
“Mesmo antes da agitação civil e da instabilidade política no Níger, cerca de 1,5 milhões de crianças com menos de 5 anos vão estar mal nutridas este ano, com pelo menos 430 mil a irem sofrer da mais mortífera forma de má nutrição, e o número deve aumentar se os preços continuarem a aumentar e se a crise económica continuar a atingir as famílias e os seus rendimentos”, acrescenta-se na nota divulgada em Genebra.
Stefano Savi escreve que apesar de a Unicef continuar a garantir assistência humanitária, é preciso fazer mais: “Com os recentes cortes de eletricidade, e 95% da cadeia de abastecimento de frio aos estabelecimentos de saúde dependente de eletricidade, é preciso fazer mais para garantir que as vacinas e outros medicamentos para as crianças não estejam em risco”.
Além disso, a agência das Nações Unidas afirmou estar “alarmada” porque vários mantimentos e equipamentos “estão parados em diferentes pontos de entrada no país e têm urgentemente de prosseguir viagem”.
Entre os exemplos apontados estão dois contentores presos na fronteira com o Benim e 19 contentores no porto de Cotonou, além de outros 29 contentores no mar.
“Estes mantimentos contra a má nutrição e imunização, que salvam vidas, estão em risco de perder a eficácia para as crianças que servimos, se a entrada no Níger continuar a ser adiada e se continuarem expostos aos elementos”, concluiu o responsável.
Desde 30 de julho, o Níger está sob pesadas sanções financeiras e comerciais impostas pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que quer o retorno ao poder do Presidente deposto, Mohamed Bazoum, mantido prisioneiro desde o golpe de 26 de julho.
O Níger é o quarto país da África Ocidental a ser liderado por uma junta militar, depois do Mali, da Guiné-Conacri e do Burquina Faso, que também tiveram golpes de Estado entre 2020 e 2022.
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