Violência de gangues já matou mais de 2.400 pessoas este ano no Haiti

18/08/2023 21:01 - Modificado em 18/08/2023 21:01
@ Reuters

Mais de 2.400 pessoas morreram e outras 902 ficaram feridas desde o início do ano na sequência da violência de gangues armados que estão a espalhar o caos no Haiti, divulgaram hoje as Nações Unidas (ONU).

“Entre 01 de janeiro e 15 de agosto deste ano, pelo menos 2.439 pessoas foram mortas e outras 902 ficaram feridas”, disse a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, durante uma conferência de imprensa em Genebra.

Em resposta à violência persistente destes grupos criminosos organizados e à insegurança generalizada no país, registou-se um aumento dos movimentos de “justiça popular” ou de grupos de vigilantes de autodefesa, segundo a representante.

“De 24 de abril até meados de agosto, mais de 350 pessoas foram linchadas pela população local e por grupos de autodefesa. Entre os mortos estão 310 alegados membros de gangues, outras 46 pessoas e um polícia”, sublinhou Ravina Shamdasani.

Perante esta vaga de violência, que se intensificou entre 11 e 15 de agosto, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, pediu medidas urgentes, no seguimento do apelo do secretário-geral da ONU, António Guterres, para a criação de uma força multinacional para ajudar a polícia haitiana a lidar com a situação.

“Os direitos humanos do povo haitiano devem ser protegidos e o seu sofrimento aliviado”, afirmou Turk, que visitou o país em fevereiro.

Desde outubro do ano passado que o Governo haitiano pede a criação de uma força multinacional para auxiliar a polícia local a desmantelar os gangues, responsáveis por atos de extrema violência que incluem sequestros e violência sexual, e a restaurar a segurança no país caribenho.

Em julho, o Quénia anunciou ter disponibilidade para liderar essa missão.

Desde o assassinato do Presidente Jovenel Moise em julho de 2021, os gangues no Haiti tornaram-se mais poderosos e violentos.

Em dezembro passado, a ONU estimou que os grupos armados organizados controlavam 60% da capital do país, mas a maioria das pessoas nas ruas de Port-au-Prince diz que esse número está próximo dos 100%.

A par da violência, o país, o mais pobre do hemisfério ocidental, também atravessa uma crise política.

Após o término dos mandatos dos 10 senadores que ainda restavam no Senado, em janeiro passado, o país está totalmente desprovido de instituições democraticamente eleitas.

O Senado era a última instituição democraticamente eleita no país, que não consegue realizar eleições legislativas desde outubro de 2019.

Nos últimos tempos, o país foi também afetado por chuvas torrenciais, um sismo e um surto de cólera.

LUSA

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