Durante uma sessão parlamentar, o governo de Cabo Verde foi alvo de acusações de vitimização e falta de visão estratégica por parte da oposição. A deputada Janira Hopffer Almada, representando o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), no seu discurso alegou que a administração atual está se escondendo atrás de justificativas e não está adotando medidas proativas para enfrentar os desafios do país.
A deputada em declaração política do partido, expressou preocupações sobre a forma como o governo está lidando com os desafios que Cabo Verde enfrenta há tempos.
E destacou a escassez de recursos e as dificuldades estruturais como problemas históricos do país, reforçando que a seca e a falta de riquezas naturais não são questões recentes.
Em sua declaração, Almada criticou a atitude de vitimização adotada pelo governo, afirmando que nenhum governo anterior usou esses desafios como desculpa para não tomar medidas proativas e implementar uma visão estratégica para o desenvolvimento do país.
“Por isso, parem com essa vitimização, pois os Senhores não são os mais azarados seres deste Mundo, como pretendem nos fazer crer! Todos os Governos governarão com essa realidade, e, nem por isso, fizeram a gestão corrente, numa autêntica navegação à vista, sem bussola, e apenas com medidas reactivas e respostas emergenciais, como tem feito este Governo”, comentou.
O PAICV criticou especificamente algumas decisões tomadas pelo governo atual, questionando a venda da companhia aérea TACV a um preço abaixo do mercado, sem que houvesse um retorno financeiro significativo, mesmo em meio à pandemia e conflitos internacionais.
Além disso, apontou a retirada dos voos domésticos da TACV, que resultou no aumento dos preços das viagens, dificultou evacuações e afetou negativamente o setor do turismo.
Janira Hopffer Almada também expressou preocupações sobre o aumento das despesas públicas, muitas delas consideradas “supérfluas”, e a falta de avanço na Reforma do Estado, que poderia liberar recursos para áreas prioritárias.
A deputada enfatizou a importância de medidas estratégicas para o setor agrícola e a modernização das pescas, afirmando que o país precisa investir na produtividade, especialmente no setor primário e nos serviços, para reduzir a vulnerabilidade aos choques econômicos e climáticos externos.
Almada questionou quando o governo começará a enfrentar a realidade, assumindo a responsabilidade e governando com uma perspectiva voltada para o presente e o futuro do país e dos cabo-verdianos.
A mesma não deixou de mencionar a importância de políticas que “promovam um crescimento sustentável, fortaleçam a resiliência do turismo e aumentem a conectividade entre as ilhas”.
AC – Estagiária