A artista Zubikilla Spencer apresenta, hoje, 27 julho, no Auditório do Centro Cultural Português, na cidade da Praia, o seu primeiro EP intitulado 03.04, cujo significado será revelado esta noite, durante o concerto de lançamento.
Em entrevista ao Notícias do Norte, a artista cuja música faz parte do seu DNA, diz que a música já está escrita em suas palavras, mas acredita que apareceu no contexto de abraçar que é como pessoa no seu todo. “Com toda a minha estória e não me deixar afetar pelo que os outros dizem ou pensam sobre mim”.
Com sete composições da sua autoria, o tão sonhado EP é constituído por músicas que surgiram durante “um momento de espontaneidade, inspirações que chegam no momento”, começa por explicar a compositora que alega, entretanto, que não são necessariament retratos intimistas.
“Abordo outros temas que não têm a ver com minha vida, mas com a vida de outros. A inspiração, por exemplo em uma delas, estava a sonhar com a música, e quando acordei fui logo pegar na guitarra. Mas outros, obviamente, falam de mim – perdas e conquistas”, revela a artista.
Nascida em Cabo Verde, filha de um dos mais conceituados compositores da música Cabo-verdiana, Daniel Spencer, Zubikilla Spencer, cantora e compositora define-se na música como uma “mistura de ideia, estilos e sons que reflectem viagem criativa, logo, garante que o estilo das suas composições não tem mesmo nada a ver com os do pai e que não se sente pressionada com isso. ”Acho que somos livres para cada um ter o seu próprio reconhecimento”, defende
Realça que as suas composições não seguem o padrão tradicional, já que são fruto de várias influências, especialmente no que tange às melodias. Contudo, salienta que o facto de ter criado neste mundo acabou por ter as suas influências. “Dizem filho de peixe peixinho é….Estou certa de que a minha veia musical teve um peso, para que me tornasse músico”.
O disco que está sendo trabalhado há já alguns anos, será apresentado esta quinta-feira, e esta demora, conforme Zubikilla Spencer deve-se ao facto de não viver da música e ter que trabalhar para investir na música. “Deve-se ao facto de de que, basicamente, fiz duas licenciaturas, deve-se ao facto de ter passado por um período de luto intenso, deve-se ao facto de não ter tido ninguém que me apoiasse (em termos financeiros) para prosseguir”, anotou.
Uma produção de autor, tendo em conta que é a própria a financiadora do projecto, explica a artista que, quer com este trabalho “dar o primeiro de muitos se o universo assim desejar”, augura.
Sobre a dinâmica da construção das músicas, a jovem compositora embarca numa sequência de acordes com a guitarra e conforme for tomando forma a melodia começa a vir. Em alguns momentos a letra só vem depois, mas noutros, acontece o inverso, por isso, não segue um estilo de compor e nem de destaques. “Para dizer a verdade não sei qual é a música que mais se destaca, mas há um zouk que está a fazer sensação entre os amigos mais próximos”, destacou.
O meu próximo projecto será um álbum dedicado à interpretação de algumas músicas do meu pai, à minha maneira.
Desde muito cedo teve contato com a música, não só através dos pais, mas ainda com aulas de piano e acaba por descobrir a guitarra aos 14 anos, instrumento que faz parte da sua vida até à data de hoje e com o qual compõe os seus temas e fez seu primeiro concerto em Cabo Verde, estilo Jazz, acompanhada pelos músicos Kaku Alves, Ricardo de Deus, Binga de Castro e N’du. A partir de então, começaram a aparecer mais oportunidades e começou a fazer concertos nos espaços musicais da cidade da Praia.
Elvis Carvalho