O Partido Africano da Independência de Cabo Verde, PAICV, em São Vicente, mostrou-se, indignado pela forma como o Governo de Cabo Verde, fez a abertura oficial das comemorações do Quinquagésimo Aniversário da Independência Nacional, não tendo em momento algum, tido em conta os combatentes da liberdade.
O Presidente da Comissão Política Regional do PAICV em São Vicente, Adilson Graça Jesus foi “indecoroso de tudo o que se passou em São Vicente no dia 25 de Abril”, desde da ausência dos protagonistas cabo-verdianos, ainda vivos, pessoas que lideraram a luta pela independência no ato oficial”.
Entre as ausências, o Comandante Pedro Pires, Silvino da Luz, Luís Fonseca, Olívio Pires e todos os combatentes da liberdade da Pátria, através da Associação que os representa, o que segundo Jesus, foi “um ato deliberado e consciente”.
O PAICV acusou o governo de “uma vã tentativa de reescrever a história e de querer fazer esquecer os nomes dos protagonistas cabo-verdianos ligados à independência nacional”.
Algo que Adilson Jesus considerou de uma “vergonha Nacional”, bem como escolher exatamente o 25 de Abril para o arranque da “data maior” de Cabo Verde, algo que o governo suportado pelo MPD, querem, sublinhou, minimizar.
“Outrossim, consideramos que é no mínimo escandaloso, que nos discursos oficiais, produzidos pelo Primeiro-ministro e pelo Presidente da CMSV, duas altas figuras do Estado de Cabo Verde, não se tenha escutado qualquer referência a luta de libertação nacional e a Amílcar Cabral”, referiu.
Diz que em todo o mundo se celebra Cabral, contudo em Cabo Verde, o atual governo finge que não existe
“Tentaram banalizar a luta pela libertação nacional, o 5 de Julho de 1975 e a Independência Nacional, subjugando-os ao 25 de Abril, mas a verdade é que a história não se apaga e no coração dos cabo-verdianos a Independência continuará a figurar como a grande data e o grande acontecimento da nossa pequena grande história como Estado e como Nação”.
Entretanto, a bem de dissipar quaisquer dúvidas, Adilson Jesus, diz que como partido da Independência e da Construção de Cabo Verde, aplaude e aplaudirá sempre, qualquer iniciativa que visa celebrar a grande festa que foi a independência do país, como o momento mais marcante de toda a história da nação cabo-verdiana”.
Contudo, afirma que não se pode ficar “calados e fingir que nada de anormal se passou e que tudo não passa de gafes políticas dos líderes do governo de Cabo Verde e da Câmara Municipal de São Vicente”.
Não entende o gesto do governo em dar o pontapé de saída nas comemorações da Independência Nacional, exatamente no dia 25 de Abril, o dia maior de Portugal, “nosso antigo colonizador”, salientou.
Conforme Adilson Jesus, o partido nada tem contra Portugal, lembrando das relações de cooperação e partilha, e nem contra a data, 25 de Abril que “também é nossa por direito”, reiterou.
Contudo, considera o presidente do partido em São Vicente, que não é normal, o país celebrar “o 25 de Abril sob a capa das festividades da independência, tenhamos esquecido que grande parte do mundo estivesse em luto, pela morte do Papa Francisco”.
Segundo este político, até Portugal cancelou cerca de 80% das suas actividades relativas à data, em respeito aos católicos do mundo, em respeito à igreja em respeito às suas relações com o Estado do Vaticano.
Nós por cá, passamos ao lado de tudo isso, esquecemos que somos um povo maioritariamente católico e lançamos fogos de artifício, em plena falta de respeito e desconsideração para com os católicos de Cabo Verde.