O PAICV considerou hoje que o anúncio de concurso para a construção de um navio de raiz é mais um capítulo de “gestão desastrosa e desgoverno” do executivo de Ulisses Correia e Silva, no sector dos transportes marítimos.
Estas considerações vieram na voz do deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Carlos do Carmo, que falava à imprensa em reacção ao anúncio, recentemente feito pelo Governo, sobre a pretensão de compra de um navio roll on roll off, destinado ao transporte de passageiros e cargas pela CV Inter Ilhas.
Questionando sobre o paradeiro dos navios prometidos em 2023, a mesma fonte disse que se está perante um executivo em “campanha permanente que se especializou em promessas vazias, anúncios pomposos e resultados nulos”.
“Depois de anos a prometer e não cumprir, depois de decisões que lesaram gravemente o interesse nacional e que aprofundaram as dificuldades das populações das ilhas, o Governo volta agora, em pleno 2025, a anunciar um concurso para a construção de um navio de raiz. Um só navio. Como se isso bastasse para resolver os inúmeros problemas criados pela sua própria política errada, desestruturada e submissa a interesses obscuros”, censurou.
Recordando alguns factos desta “novela mal resolvida”, conforme a apelidou, Carlos do Carmo contou que “pior ainda”, numa adenda contratual liderada pelo então ministro dos Transportes, o Governo “premiou o mau serviço” da concessionária com o aumento da compensação financeira de 750 mil contos para 1 milhão e 500 mil contos, para além da remuneração sob a facturação em 10 por cento (%).
“Um verdadeiro escândalo, uma afronta à boa gestão dos dinheiros públicos”, comentou, calculando que a construção de um navio de raiz demora à volta de dois anos e meio no mínimo, pelo que apela aos cabo-verdianos a darem “muita atenção a este dossiê”.
“O Governo está no final do segundo mandato. Este é um dossiê que nós gostaríamos que os cabo-verdianos dessem muita atenção. Os cabo-verdianos têm de saber onde é que estamos, o que é que se está a passar no sector dos transportes marítimos, neste negócio entre o Governo e a concessionária dos transportes marítimos. É um negócio de loucos”, aguçou.
Acusou o Governo de transferir à concessionária mais de metade do seu volume de negócios, “gratuitamente”.
A mesma fonte concluiu, referindo que o PAICV defende uma política de transportes marítimos com navios, com previsibilidade e com segurança aos utentes, reafirmando o compromisso do partido com o modelo de transporte marítimo inclusivo nacional e eficiente.
“Que sirva, verdadeiramente, as ilhas e as populações cabo-verdianas. Basta de propaganda, basta de mentiras, basta de premiar a incompetência”, concluiu.
A embarcação perspectivada pelo Governo, deverá ter cerca de 70 metros de comprimento e permitir albergar cerca de 300 passageiros, com uma capacidade de carga de 60 viaturas ligeiras ou 12 atrelados de 40 pés.
Inclui ainda, um espaço próprio para acomodação de pessoas com mobilidade reduzida, um elevador e enfermaria.
Inforpress/Fim