A artista cabo-verdiana Paulinha Teixeira afirmou hoje, na Praia, que a recuperação é possível e que ela própria é prova de que não é necessário recorrer ao álcool nem às drogas para ter uma boa actuação no palco.
Estas declarações foram feitas à Inforpress depois de uma conferência intitulada “Saúde Mental na Indústria Musical”, integrada na programação do Atlantic Music Expo (AME) 2025.
Para Paulinha, a conferência foi extremamente necessária, pois muitas vezes se esquece que, por trás do palco, existem pessoas a lidar com pressões enormes e uma rotina desgastante.
“É muito bom ver que a indústria da música está a começar a mudar a sua forma de lidar com o bem-estar de quem cria”, disse.
Paulinha falou abertamente sobre a fase em que recorreu ao uso de drogas e álcool como forma de enfrentar as pressões da indústria musical e sentir-se mais desinibida em palco.
“Usava substâncias para me soltar, para conseguir actuar. Mas percebi que isso só me afastava de mim mesma”, revelou.
Com uma abordagem inspiradora, a cantora abordou a importância do cuidado com a saúde mental, especialmente entre os profissionais do mundo artístico.
Com uma mensagem voltada especialmente para os jovens artistas, Paulinha reforçou que o sucesso e a inspiração não dependem de substâncias.
“Precisamos apenas de estar estáveis mentalmente. A recuperação é possível e hoje sou a prova disso”, afirmou.
A cantora também reflectiu sobre os desafios do seu regresso à cena musical, sublinhando o impacto psicológico da comparação constante com o sucesso de outros artistas, especialmente no contexto das plataformas digitais.
Ainda assim, destacou que o apoio da comunidade e o compromisso com a sua recuperação são forças essenciais na sua caminhada.
Paulinha fez questão de reconhecer o apoio que tem recebido em Cabo Verde, tanto da sociedade como de instituições dedicadas à recuperação de dependências.
Citou centros como o Centro de Saúde Três Chapéus e a Granja de São Felipe como fundamentais no processo de reintegração e cura.
“Não estás sozinho, pede ajuda”, apelou a cantora, dirigindo-se aos que enfrentam problemas semelhantes.
Actualmente, além da música, Paulinha tem-se envolvido activamente em causas sociais, utilizando a sua arte como ferramenta de sensibilização, visita escolas e centros de reclusão, onde fala sobre saúde mental, auto-estima e resiliência.
“A vida é uma luta constante, mas o importante é não ficar lá”, disse, incentivando os artistas que podem estar a passar pelos mesmos problemas a levantarem-se perante as adversidades.
Para além do activismo e da carreira artística, Paulinha reforçou a importância dos cuidados pessoais, como prática de autocuidado e explicou que o exercício físico, a socialização e a leitura fazem parte da sua rotina de bem-estar.
“Vai à frente do espelho e diz eu sou bonita, eu sou capaz, eu sou potente. Cuida de ti, tudo vai dar certo”, concluiu, deixando uma nota de esperança e empoderamento.
Inforpress/Fim