São Vicente: PAICV denuncia descaso das autoridades públicas perante a situação socioeconómica difícil da ilha

16/05/2023 17:56 - Modificado em 16/05/2023 17:56

O Partida Africano de Independência de Cabo Verde denuncia descaso das autoridades públicas perante a situação socioeconómica difícil da ilha. O presidente do partido na ilha diz que Cabo Verde e o mundo passam por situações difíceis, que não podem ser escamoteadas e tampouco negadas por ninguém e que o mundo vive alguma herança “nefasta” provocada pela pandemia da COVID 19, agravada pelos efeitos do conflito armado na Ucrânia.

 Adilson Graça Jesus diz que é consensual que São Vicente é uma das ilhas onde se regista os maiores problemas políticos, sociais e económicos no país, ao contrário daquilo que a ilha demonstra como potencial de desenvolvimento nas mais diversas áreas, a nossa capacidade de criar e encetar projetos que possam fazer a ilha crescer e desenvolver, tem sido muito reduzida e por vezes até inexistente.

Segundo o responsável político, os jovens, as famílias e as empresas em São Vicente vivem momentos difíceis, resultante de vários fatores conjugados, com especial atenção para a falta de emprego, baixos salários e pelo aumento generalizado dos preços dos produtos e serviços.

“Hoje, muitas famílias, não conseguem honrar os seus compromissos com a renda de casa, eletricidade, água, gás e mais grave, com a saúde, educação e com a alimentação dos filhos.
Pelas nossas conversas com as famílias nas zonas mais pobres de São Vicente, conclui-se que questão da insegurança alimentar é provavelmente aquela que mais apoquenta as pessoas”.

E considera ser muito “grave” quando uma família não consegue fazer nenhuma das três refeições diárias. “Como nos disse uma senhora na zona de Espia, hoje ela já não tem a expectativa de ter “os três por dia”. Disse-nos ela, “Dôs por dia, já era bom, má, um tava contentá em dá nhis mnine, pelo menos um prote d’cmida tud dia”.

Alega que as “cinturas de pobreza da ilha escondem situações de miserabilidade que não podem ser aceites e têm que ser denunciadas”. Situações que, segundo Adilson Graça Jesus, têm levado ao insucesso e abandono escolar, ao aumento de pessoas a viverem de e na prostituição e ao aumento de pessoas a pedirem nas ruas da cidade. Quando as pessoas passam fome, acabam por recorrer a qualquer trunfo “pá escapá chitada d’fome”.

O que para o presidente do PAICV na ilha, leva a conclusão de que esta pressão social, terá uma relação direta com o aumento do consumo de drogas e álcool, pelos jovens e adolescentes e, por isso, uma relação direta com o aumento da criminalidade e da violência urbana.

“São Vicente já conheceu melhores dias. Já houve tempo em que se poderia andar pelas ruas da ilha, sem nos preocuparmos com a possibilidade de sermos assaltados ou sofrermos algum “cassibody” com o perigo de sermos espancados violentamente”.

“Voltamos a ouvir falar de assaltos às casas das pessoas e a estabelecimentos comerciais. Assaltos mais arrojados em termos técnicos e também assaltos mais violentos”.

“Voltamos a ouvir falar de perdas de vidas humanas, particularmente de jovens na flor da idade, jovens que poderiam ser o futuro da ilha e do país. Os conflitos entre os grupos rivais, voltaram a ser uma realidade em São Vicente”.

Desporto 

Para Adilson Graça Jesus, o desporto que poderia ser uma grande zona de escape para os jovens, não merece nenhuma atenção das autoridades municipais ou centrais. Pois, muitos dos equipamentos desportivos existentes estão danificados e aqueles que foram prometidos, nunca foram construídos.

“O governo do MPD, acabou com os Centros de Juventude, que desempenharam um papel fundamental na integração dos jovens dos bairros mais problemáticos e nunca foi capaz de criar uma outra instituição que pudesse acolher e ajudar a encaminhar estes jovens. Este foram simplesmente abandonados”.

Prossegue ainda, alertando que as pessoas em São Vicente não sentem nenhuma presença positiva das autoridades no seu dia. “Do governo central, há muito que não se houve falar, da Câmara Municipal de São Vicente, não fosse pela existência do edifício na Pracinha da Igreja, poderíamos dizer que esta não existe, com exceção dos momentos de festas e festivais”.

Relativamente ao governo, questiona se o problema é só da “incompetência demonstrada ao longo destes anos que têm desalinhado o caminho do país, ou se é mesmo um descaso consciente para com São Vicente”.

É por isso que apela a todas às forças vivas da ilha, para que juntemos as vozes e em uníssono, convocarmos o Governo e a CMSV, para assumirem o papel que os eleitores lhes confiou.

EC

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