Saúdo as cabo-verdianas e os a cabo-verdianos, nas ilhas e na diáspora. O meu pensamento vai, sobretudo, para aqueles que estão privados da sua liberdade, os doentes, as pessoas com necessidades especiais, os mais vulneráveis, os que mais precisam de um abraço amigo, nestes tempos mais difíceis.
Penso, também, nos que, não sendo cabo-verdianos, escolheram estas ilhas para viver, trabalhar ou passar as suas férias. A todos a minha amizade.
O mundo passa por um processo de transição. As ordens regionais e mundial estão a transfigurar-se. Os próximos cinco a dez anos serão decisivos para a humanidade.
Num contexto complexo e caótico, caracterizado por guerras, conflitos, restrições à mobilidade das pessoas e descriminação dos imigrantes, alterações climáticas e protecionismo comercial, um pequeno Estado como Cabo Verde deve agir com prudência, pragmatismo, realismo e inteligência.
Temos a obrigação de ser inteligentes para identificar os cenários e os caminhos das mudanças em curso e formar políticas adequadas a cada momento, sempre em defesa dos interesses nacionais, sem alinhamentos que nos amarram ou distanciamentos e neutralidades que nos afastam da dinámica geopolítica ou geo-estratégica mundial.
Desejamos, ardentemente, que se faça a paz no mundo, em 2025. É essencial o dialogo entre os beligerantes e outros atores relevantes, para construirmos a paz e reerguermos as bases fundantes da dignidade da pessoa humana.
Em Cabo Verde, o dialogo e a cooperação entre os órgãos de soberania e entre o Estado e as autarquias locais são condições necessárias para a consolidação do Estado de Direito Democrático e o sucesso do processo de modernização económica e social do país.
Ninguém ganha com disputas estéreis de protagonismo ou com tensões desnecessárias que provocam cansaço das instituições democráticas e empobrecem o processo de formação das políticas públicas.
As pessoas não podem perder a esperança e a confiança. Temos de trabalhar para garantir mais crescimento e mais competitividade nacional, mais empregos, mais rendimentos para as famílias, mais segurança pública, mais e melhor saúde, mais e melhor educação, mais oportunidades para todos.
Só teremos politicas públicas mais bem conseguidas em domínios que exigem consensos alargados como são os casos da saúde, da educação, dos transportes e da segurança e ordem públicas, se houver confiança e respeito entre os principais atores políticos.
Nenhum país consegue viver em permanente campanha eleitoral. Há tempo para disputas e há tempo para entendimentos e acordos, respeitando as escolhas dos cabo-verdianos e as competências de cada um.
É fundamental, pois, restaurar a confiança, sobretudo dos jovens, no país. Temos talentos, nas ilhas e na diáspora, para andarmos mais depressa, sofisticarmos o processo decisório e sermos muito mais eficientes.
Para tanto, é necessário garantir a igualdade de oportunidades, privilegiar o mérito e a cultura de resultados e fazer a avaliação das políticas e do desempenho individual e organizacional. Insisto na necessidade de despartidarização da administração pública, de redução dos custos de participação política, de atribuição de mais poderes e mais recursos às ilhas e aos municípios, de combate a todas as formas de corrupção.
Em 2025, comemoraremos os 50 anos da nossa independência, data marcante na história política contemporânea de Cabo Verde. Terá de ser um momento alto na vida da Nação, de unidade em torno dos grandes desígnios nacionais e de balanço estratégico, pensando nos próximos 50 anos. Temos o dever indeclinável de imaginar o Cabo Verde das futuras gerações. Que caminhos, que estratégias, que ações, que consensos?, para a grande transformação socio-económica do país, visando a modernização, a prosperidade e a justiça social.
Estou consciente dos enormes e complexos reptos que nos aguardam. Trata-se de um processo de superação dos constrangimentos restritivos ao desenvolvimento durável de um pequeno Estado insular e dos nossos próprios limites.
Seremos bem-sucedidos se mobilizarmos todas as competências e capacidades, nas ilhas e na diáspora, e construirmos uma visão partilhada do futuro. Face às disrupções que se verificam na arena internacional, só com um grande “djunta mon” e pensamento estratégico conseguiremos, nós que somos um pequeno Estado arquipélago, dar o salto que queremos.
Os 50 anos de independência devem ser comemorados com vigor e entusiasmo. Não se trata de comemorações centradas no poder político ou na glorificação do passado. Trata-se de um dever de memória, de um momento de valorização da história, de imaginação do futuro. Por isso mesmo, apelo aos municípios, aos partidos políticos, a toda a sociedade civil e aos cidadãos a nos mobilizarmos e nos juntarmos em torno dos ideais da independência, comemorando, com criatividade e olhando em frente, esse momento ímpar na vida política do nosso país.
Neste novo ano de 2025, desejo a todos paz, saúde, sucessos e felicidades.
O Presidente da República estará sempre do vosso lado, todos os dias, de sol a sol, a trabalhar serenamente pela liberdade, pela democracia, pelo prestígio das instituições políticas e económicas, pelo progresso social e pela substancial melhoria da qualidade de vida de todos.
Boas Festas e um Feliz Ano Novo!