Os ex-trabalhadores da Transportes Inter ilhas de Cabo Verde (TICV) protestaram esta semana, em frente à sede da empresa, na Praia, expressando o seu descontentamento e frustração após falha no cumprimento do acordo de despedimento colectivo.
Em declaração à imprensa, o representante dos trabalhadores da TICV, que operava no país com o nome comercial Bestfly Cabo Verde, Rubem Barros, disse que o protesto é um sinal de descontentamento e frustração do não cumprimento do acordo de despedimento colectivo assinado há vários meses pelo Governo, afirmando que, apesar da promessa de compensações e reintegração na nova companhia aérea, nada foi cumprido até ao momento.
De acordo com Rubem Barros, o acordo estipulava o pagamento de salários em atraso e indemnizações, conforme previsto pela Constituição de Cabo Verde e pela legislação laboral.
No entanto, passado todo este tempo, os ex-trabalhadores da TICV não receberam qualquer pagamento e não obtiveram qualquer contacto ou esclarecimento por parte da Bestfly ou do Governo.
“Estamos a sentir-nos abandonados, tanto pela empresa como pelo Governo”, afirmou Rubem Barros.
“Já tentámos várias vezes contactar as autoridades, incluindo o primeiro-ministro, mas as nossas tentativas foram em vão. O que queremos é que o que nos foi prometido seja cumprido, para que possamos, finalmente, voltar a ter dignidade”, explicou.
O ministro do turismo e transportes, Carlos Santos, reagiu esta sexta-feira, 29 de novembro, começou por esclarecer que a TICV é uma empresa de direito cabo-verdiano, em que 70% é detida pela Bestfly Worldwide, e por 30% pelo Estado de Cabo Verde.
“A partir do momento em que uma empresa tem um acionista maioritário, é o acionista maioritário que toma as suas decisões e tem sido assim e foi assim durante o tempo em que a TICV esteve a operar”, explicou o governante.
Carlos Santos, avançou ainda que desde a suspensão das atividades da Bestfly em Cabo Verde, o Governo começou a fazer “todos os contactos necessários e consideramos suficientes para que os direitos dos trabalhadores fossem observados e fizemos ao ponto de conseguirmos que o salário de maio e junho, esses dois salários, fossem pagos, foi graças à intervenção do Governo”.
Neste sentido, garantiu que o Governo tem estado a acompanhar esse processo desde o início.
Uma das promessas feitas pelo Governo de Cabo Verde foi a reintegração de uma parte significativa dos ex-trabalhadores da Bestfly na nova companhia aérea que está a ser criada. No entanto, até à data, nada foi concretizado, explicou o representante dos trabalhadores.
Sobre isso, o ministro dos transportes afirmou que os cargos e também às vagas que vão surgir com a nova empresa, Linhas Aéreas de Cabo Verde, que já está constituída, desde setembro, vão para estes funcionários.
“Estamos em fase de recrutamento de cerca de 60 trabalhadores e, obviamente, os trabalhadores prioritários serão aqueles que estiveram na TICV. Até porque são categorias especiais, com formação especializada, que obriga formações e são esses trabalhadores que têm. Portanto, há esse compromisso e mantemos esse compromisso”, sustentou Carlos Santos, que assegurou que até janeiro, estarão integrados na nova empresa.
Infopress/NN
Para os ex-trabalhadores, o mais doloroso não é apenas a falta de pagamento, mas o sentimento de humilhação e desrespeito por parte da empresa e do Governo.
“Nós demos tudo à empresa, trabalhámos arduamente, e agora estamos a ser tratados como se nada valêssemos”, lamentou Rubem Barros.
A companhia aérea Bestfly deixou de operar definitivamente em Cabo Verde em Abril de 2024.