O arranque do ano lectivo 2024/2025 em São Vicente, arrancou com algum sobressalto, pelo menos por parte dos professores, que escolheram este dia, para se concentrarem em frente a Delegação escolar da ilha, para mostrarem o seu descontentamento com o governo.
O vice-presidente do SINDEP, diz que após um ano lectivo de lutas e muitos sobressaltos, este ano começa, praticamente, da mesma forma. “Terminamos um ano com sobressaltos e começamos outro quase igual, ou pior, porque a situação tenta prevalecer”, começou por dizer o vice-presidente do sindicato, que afirmou que é preciso esclarecer a sociedade que o governo tenta manipular e fazer os professores passar como mercenários.
“A nossa luta não é o dinheiro, e sim a dignidade e qualidade de ensino. Portanto, esse protesto é o arranque. E está prevista uma greve para quinta e sexta-feira (19 e 20 de setembro), caso as negociações de amanhã que a for satisfatória, e lutas mensais, se o governo insistir com as atitudes de imposição e falta de diálogo”, justificou o sindicalista.
Sobre as declarações do ministro da educação, que garantiu que o subsídio por não redução de carga horária deve ser publicado nas próximas horas, Nelson Cardoso diz que este é um caso de reflexão, relembrando que este diploma deveria ser publicado em julho.
“Quer dizer, se tivesse lutas ou marcação de protestos, não haveria publicação e ainda não sabemos”, realçou Cardoso, que afirma que os sindicatos, precisam de ver resultados. “Com esse governo é para crer”.
A concentração contou com uma boa maioria e acredita que esta concentração tem impacto. “Basta ver a entrevista do ministro com a tentativa de pressionar professores, ao afirmar que segunda-feira é um dia normal de aula, até meio-dia mesmo.
O governo anunciou que ele vai transformar aquele projeto em proposta de lei relativamente à PCFR para submetê-la à Assembleia Nacional
“É lamentável, uma atitude de abuso, de imposição, de falta de abertura. Porque se todos os sindicatos, professores estão alinhados contra esse projeto, por que insistem em impor à força?” Questionou Nelson Cardoso que também é professor.
Acredita que há razões de sobra para um novo veto e justifica. “Há inconstitucionalidades nesse projeto, tem aspectos lesivos à classe, tem retirada de regalias. Ou seja, é tentar transformar o professor num quadro comum. Portanto, o governo deveria ter uma postura diferente”, sustentou.
Portanto, defende que governar significa ouvir as pessoas, sentar na mesa, dialogar e chegar a um entendimento onde é possível e não de forma abusiva tentar impor. “Porque se ele fizer isso, também as pessoas têm força para na hora exata também dar um corte geral”
“A razão está do nosso lado, não deve persistir e de forma unida e determinada. E neste ano lectivo, ao que tudo indica será bastante mexido, mas também com alguma intranquilidade. E não é por nossa culpa”.
Neste sentido, pede aos pais que compreendam a classe e associam a esta luta, porque não é o dinheiro que estão a exigir, mas sim a qualidade do ensino no país.
“Como é possível dar a um professor de 12º ano, 10/11 turnos. A dignidade passa por um salário melhor, é verdade, mas por condições de trabalho de qualidade, respeito pelos direitos”.
O início do ano lectivo em São Vicente deverá contar com cerca de 15 mil alunos distribuídos pelos diferentes níveis de ensino e mais de mil professores pela primeira vez. Esta foi a garantia dada pelo Delegado da Educação, Jorge da Luz.
Dos professores, com 42 nomeações novas, sendo destes 39 transferidos das outras ilhas e três contratados para iniciar as funções em São Vicente.
No total, o ensino básico deverá acolher, em São Vicente, cerca de 10.500 alunos e o restante no secundário.
Por outro lado, conforme o responsável, neste momento estão em contacto para contratar professores em prestação de serviço para substituir os docentes que pediram licença sem vencimento, licença de maternidade ou por doença.
Relativamente às infraestruturas, 33 escolas no total, o delegado de Educação mostrou-se convicto de que todos estarão a postos até o dia 18, inclusive o Liceu Ludgero Lima, que se encontra neste momento em obras de remodelação, já na fase de pintura.
NN