A Associação Cabo-verdiana de Luta Contra o Cancro (ACLCC) alertou hoje para a necessidade de uma maior aproximação dos homens para rastreios de colo uterino, mama e próstata, para melhor se precaver em termos de saúde.
A presidente da ACLCC, Cornélia Miranda, manifestou esta inquietação à imprensa na aldeia piscatória do Porto Mosquito (interior da Ribeira Grande de Santiago), onde desencadeia uma intensa campanha de rastreios de colo uterino, mama e próstata, visando a educação para a promoção da saúde.
A actividade centralizada nesta aldeia piscatória, envolve as comunidades de São João Baptista, Chã de Igreja, Alfarroba, Chã Gonçalves e Salineiro, para as mulheres, dos 30 aos 64 anos e próstata para os homens, com exame de PSA’s, com idade a partir dos 40 a 75 e mais.
A presidente da ACLCC admitiu que apesar do trabalho de sensibilização levado a cabo pelos centros de saúde locais, câmaras municipais e unidades sanitárias de base, iniciativas do género continuam a ter uma maior adesão da mulher em relação aos homens, pelo que considerou ainda a necessidade de se realizar um trabalho muito árduo no seio da camada masculina.
“Há o estigma, o preconceito, razões de ordem cultural, o machismo, a questão religiosa, isto tudo, acho que ainda pesa um bocado na vertente da resistência da aproximação dos homens em actividades ligadas à saúde”, explicou Cornélia Miranda Pereira, reconhecendo, contudo, que ao longo dos trabalhos realizados nestes 17 anos nota-se uma maior aproximação dos homens.
Nesta linha, Cornélia Miranda adiantou que numa actividade idêntica realizada recentemente em Santa Cruz foram registados mais homens do que mulheres, razão pela qual disse “acreditar que as notícias em como, cada vez mais jovens estão a ser atingidos pelo cancro, nos homens para além das mulheres, leva a uma certa aproximação”.
Convicta de que a associação atinja os seus objectivos a nível da adesão das mulheres a estes serviços de saúde, referiu que existem lugares onde ainda se torna imprescindível continuar a insistir no sentido de trabalhar os homens a precaver em termos de saúde.
“Esta é uma oportunidade que as pessoas não devem perder. Neste momento, para a saúde dos homens além do toque rectal temos o outro exemplo que completa este diagnóstico, o PSA’s. Montamos um laboratório aqui no Porto Mosquito, precisamente para proceder à recolha de sangue para decifrar o nível do PSA’s”, explicitou.
Para a materialização desta iniciativa, a ACLCC conta com uma equipa especializada, constituída por uma ginecologista, a médica Ema Mascarenhas, o clínico José da Rosa na vertente da palpação da mama e próstata, a orologista Evelise e o “staff” local do Centro de Saúde local liderado por uma médica.
A população, tanto homens como mulheres, presente nestas consultas manifestou a sua satisfação pela “oportunidade importante” e mostrou-se sensibilizada a esta causa que classifica de nobre para a saúde pública.
A actividade, que se enquadra no Dia Mundial da Saúde assinalado a 07 de Abril, conta com a parceria de instituições como o Centro de Saúde da Cidade Velha, a Câmara Municipal, a UNFPA e a CVTelecom e regressa cinco anos depois da primeira incursão da ACLCC, ao concelho que na altura envolveu as comunidades encravadas de Belém, Tronco e Pilão Cão, ainda que na vertente mulher.
Inforpress/Fim