Água com flúor a mais causa doença dentária em crianças na ilha Brava

6/02/2024 16:21 - Modificado em 6/02/2024 16:27
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Um grupo de 72 crianças, alvo de um estudo na ilha Brava, Cabo Verde, sofre de fluorose, doença causada pelo excesso de flúor na água e que pode comprometer a estrutura dentária, disse o autor da investigação.

“No nosso estudo, na ilha Brava, descobrimos que a fluorose dentária afecta todas as crianças avaliadas, com uma prevalência surpreendente de 100%”, e metade são casos severos referiu Ednilson Delgado, mestre em saúde pública da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Cabo Verde.

A água de nascente usada para abastecimento público na ilha apresenta níveis de flúor que atingem cerca de 6,5 miligramas por litro (mg/l), indicou o investigador, com base em análises.

O valor ultrapassa os limites estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela legislação cabo-verdiana, facto que tem sido discutido publicamente há vários anos, levando inclusivamente à instalação de máquinas de tratamento.

O estudo agora divulgado avalia as consequências em crianças de 12 anos, idade considerada relevante, em termos médicos, para este tipo de estudo dentário.

A fluorose manifesta-se através de manchas visíveis nos dentes, podendo chegar ao ponto de corroer a estrutura dentária, deixando-a comprometida na idade adulta.

Ednilson Delgado referiu que se trata de “um problema de saúde pública”, com “implicações profundas” na autoestima das crianças, na sua capacidade de mastigação e na interação.

A título de exemplo, apontou que algumas sentem-se inseguras ao sorrir ou têm dificuldades para comer.

“Para além dos problemas dentários, a exposição exagerada ao flúor pode ter repercussões nos ossos, originando fluorose esquelética que os deixa mais propensos a fraturas. Pode igualmente afetar a tiroide e os rins, comprometendo as suas funções vitais”, concluiu, indicando a importância de vigiar a exposição ao flúor na Brava.

Cerca de 5.500 pessoas vivem na ilha, situada a sul do arquipélago.

A Lusa tentou obter esclarecimentos junto da empresa intermunicipal de águas, Águabrava, mas não obteve resposta.

NN/ Lusa

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