A morte do jovem estudante cabo-verdiano, Luís Geovani dos Santos Rodrigues, de 21 anos, em Portugal, espancado numa rua de Bragança e que acabou por morrer no passado 31 de Dezembro no Hospital de Santo António (Porto) está a gerar uma onda de indignações nas redes sociais, com pedidos de justiça que apontam o dedo às autoridades, comunicação social e sociedade em geral por não haver uma “comoção nacional” com este caso de violência e homicídio.
Conforme informações veiculadas pelo jornal luxemburguês O Contacto, e já noticiadas pelo NN, Giovani que residia há dois meses em Portugal, foi agredido no dia 21 de dezembro à saída de um espaço noturno, onde estava na companhia de mais três colegas.
Depois de abandonar a discoteca Geovani Rodrigues foi agredido barbaramente por um grupo já conhecido por causar problemas.
O jovem estudante, segundo a mesma fonte terá pedido para pararem, e mesmo assim antes de acabar a frase, levou uma paulada na cabeça, tendo perdido posteriormente a consciência. Foi de imediato transportado pelo INEM para o Hospital de Bragança e, devido ao seu estado crítico, de seguida transferido para o Hospital de Santo António, no Porto, onde viria a falecer no dia 31 de Dezembro.
Entretanto consta que a PSP identificou dois suspeitos, mas ninguém foi detido. Porém, a investigação continua mas o caso está a gerar bastante polémica. Numa ronda pelas redes sociais, a cada dia que passa as reações sobre este caso estão a aumentar.
“Pedimos justiça para a morte do nosso menino dócil de Mosteiro, Geovani, que deixou Mosteiros triste com a sua perda” escreve a internauta Joana Costa.
Por sua vez, o artista Hélio Batalha, diz que a morte cruel deste jovem cabo-verdiano só não tem tido repercussão devido a sua cor da pele e que se fosse ao contrário todos pediriam mão pesada das autoridades.
As vozes a pedirem justiça também chegam de Portugal. O deputado do Bloco de Esquerda, José Soeiro, classifica a morte do jovem cabo-verdiano “Um caso gravíssimo de agressão e homicídio é em tudo nojento, mas que não está nas primeiras páginas dos jornais nem nos destaques das televisões. Pergunto: se Giovani tivesse outra origem, não haveria já uma comoção nacional generalizada, comentadores empolados e uma onda mediática de choque e indignação?”
Já a deputada socialistas Isabel Moreira escreve no Facebook “Temos mesmo de saber tudo o que aconteceu. Não é normal que se tenha dado tão pouca relevância a esta história pavorosa. E claro que queremos saber das possíveis motivações racistas (quem não põe essa hipótese?)”.
Ainda hoje, a deputada do partido Livre, Joacine Katar Moreira, publicou um comunicado onde manifesta “consternação” e “repúdio”, prestando as condolências à família e amigos de Luís Giovani dos Santos Rodrigues. Na mesma nota colocada este domingo à tarde no Facebook, a deputada avança que “esta brutal violência de que Giovanni foi vítima e que o levou à morte não mereceu, desde logo, e ao contrário de outros crimes, a necessária divulgação noticiosa” e pede justiça.
A mesma defende na nota que “Esta vida interrompida pela violência e pelo ódio, seja ele racial ou outro, merece do Estado Português e suas entidades uma ação audível e visível na luta contra a impunidade”.
No sábado, o embaixador de Cabo Verde em Portugal, Eurico Monteiro, pediu a clarificação “cabal” das circunstâncias da morte do estudante cabo-verdiano.
Em Cabo Verde, o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, também já anunciou que está a acompanhar, através da Embaixada em Lisboa, os contornos da “morte brutal” de Luís Rodrigues.
Por sua vez o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Filipe Tavares, pediu hoje “celeridade” no “esclarecimento cabal” pelas autoridades portuguesas da “trágica” morte de um estudante cabo-verdiano, após violentas agressões em Bragança.
A líder da oposição, Janira Hopffer Almada, defendeu hoje que sejam pedidas explicações ao Governo português sobre a “bárbara” morte do estudante cabo-verdiano, acrescentando que nestes momentos é necessário mostrar que “a vida humana não tem preço”.
No final da noite de domingo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português, através da sua conta na rede social Twitter, afirmou “Lamentamos profundamente a bárbara agressão de que resultou a morte, em Bragança, de um estudante cabo-verdiano. Os responsáveis serão identificados e levados à justiça”, acrescentando que “Os cabo-verdianos são nossos irmãos e muito bem-vindos em Portugal”.
Luís Giovani dos Santos Rodrigues, natural da ilha do Fogo, encontrava-se há apenas dois meses em Portugal para estudar Design de Jogos Digitais no Instituto Politécnico de Bragança, ilha para onde está previsto o seu corpo ser transladado.
Sob o hastag #Marcha JustiçaparaoGiovani, vários cidadãos estão se juntando a esta causa, promovendo uma marcha no dia 11 de Janeiro, para pedir justiça, por este crime tão pavoroso. O movimento foi lançado nas redes sociais.
A marcha está prevista para as cidades de Lisboa, Porto, Coimbra e Bragança.