As Nações Unidas e os seus parceiros apoiaram no ano passado 11 milhões de pessoas na Ucrânia, país devastado pela guerra que dura há quase dois anos, afirmou hoje a coordenadora humanitária no país, Denise Brown.
Segundo a mesma fonte, citada em comunicado, a assistência à população próxima da linha da frente foi uma das prioridades das organizações humanitárias, que exemplificou com as 107 colunas de veículos enviadas para entregarem bens de primeira necessidade.
“Ao longo da linha da frente, comunidades inteiras são atacadas diariamente, estando milhões de pessoas com pouca ou nenhuma capacidade de subsistência e dependentes de ajuda humanitária”, disse Denise Brown, que informou ter testemunhado em 30 locais como a invasão russa continua a “causar destruição maciça e a dizimar serviços essenciais”.
A mesma responsável lamentou que, durante mais de um ano, as organizações tenham sido “impedidas de ajudar as pessoas nas áreas ocupadas pela Rússia, onde as necessidades humanitárias são mais graves e a resposta extremamente limitada”, acrescentando que os esforços vão manter-se apesar da oposição das autoridades russas.
Nos últimos meses de 2023, foram intensificados os esforços para fazer chegar os bens e serviços mais críticos, de forma a garantir que as famílias se mantêm quentes e seguras durante o rigoroso inverno da Ucrânia, onde as temperaturas podem chegar aos 20 graus negativos.
No total, cerca de 1,7 milhões de pessoas receberam combustível sólido, de forma a garantir o aquecimento em áreas sem energia, gás ou água, assim como foram entregues roupas de inverno, cobertores térmicos e isolamento para casas e locais de acolhimento.
Foram também entregues produtos de higiene, materiais de construção, serviços de saúde e educativos, comida, água, dinheiro, além de aconselhamento, assistência legal e desminagem.
Segundo o comunicado da ONU, a resposta na Ucrânia foi possível graças ao “forte apoio financeiro” da comunidade internacional e aos esforços de quase 600 organizações e das suas equipas e voluntários.
“A estreita coordenação com as autoridades também foi crucial e permitiu o nosso trabalho”, acrescentou Denise Brown, que enumerou que os “ataques indiscriminados” atingiram mais de 55 instalações de apoio, provocando 11 mortos e 35 feridos no ano passado.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos no teatro de operações nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.
As últimas semanas foram marcadas por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, enquanto as forças de Kyiv têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Lusa