Atualmente a ilha de São Vicente utiliza a maior parte da água residual tratada na irrigação de espaços verdes. “Uma prova que permite valorizar este recurso importante que representa o futuro para o saneamento do país”.
Numa entrevista, o professor catedrático da Universidade de Lisboa, José Saldanha Matos, um dos formadores do curso sobre o saneamento líquido, destinado a técnicos de diversas instituições ligadas ao sector da água e saneamento do país e responsável pelo projecto de Beneficiação da ETAR de Ribeira de Vinha e do sistema de drenagem de águas residuais, salienta que tratar das águas dessa ETAR , em São Vicente, “é uma realidade ainda que não seja nas melhores condições”.
Para este professor catedrático, a formação que decorreu em São Vicente, na semana passada, “serviu para transferir competências no planeamento na concessão do projecto e exploração dos sistemas de tratamento de águas residuais”.
A Estação de Tratamento de Águas Residuais da Ribeira de Vinha, com o seu sistema de lagoas, é a maior do país. E o projecto de Beneficiação da ETAR e do sistema de drenagem de águas residuais visa colmatar algumas deficiências no seu funcionamento.
“A ETAR é bastante antiga, ao longo do tempo foi-se degradando a sua operacionalidade. O seu potencial para a agricultura nem sequer foi aproveitado”, explica Saldanha Matos que diz que para garantir com segurança, a irrigação destes campos agrícolas em Chã de Holanda e também na Ribeira de Vinha, onde se usa esta água para a agricultura, “torna-se necessário fazer um upgrade, uma beneficiação de todo sistema”.
Fazendo o diagnóstico atual da ETAR, o professor diz que existe um problema no sistema. Este reside na acumulação de lama no fundo das lagoas por tempo desnecessário. “Esta lama é a matéria sólida destes influentes”, argumenta José Saldanha que acrescenta ainda que nas “lagonagens”, logo na primeira lagoa, esta matéria “sólida decanta” e fica depositada no fundo e ao longo do tempo foi-se aumentando e a dada altura esta repleta de lama.
O que depois faz com que as águas transbordem para a lagoa seguinte e sucessivamente e isso degrada a qualidade da água. Portanto diz que este tipo de sistema, com uma certa periodicidade de 5 a 7 anos devem ser retiradas as lamas das lagoas e colocadas em chamadas leis e secagem ao sol para desidratarem e formarem um composto para ser utilizado na correcção do solo ou na agricultura. “As lamas estão a degradar o sistema”.
Assegura no entanto que é preciso também que seja feita a construção de Plataforma de secagem para garantir a qualidade micro biológica do material influente e para isso, no fim das lagoas prevê-se uma desinfecção para que o influente chegue ao agricultor sanitariamente sem problema.
“É uma água enriquecida. Com fertilizantes naturais” e que pode ser utilizado na agricultura de forma segura e condigna.
Será que é mesmo “influente” ou quis escrever efluente ??