Cerca de uma centena de passageiros com viagem marcada na ilha de São Nicolau, com data de 20 de dezembro, foram deixados em terra, devido a constrangimentos nas ligações marítimas inter-ilhas, por parte da empresa concessionária, a Cabo Verde Interilhas. Sem um lugar para pernoitar, sete pessoas acabaram por passar a noite na Gare Marítima do Mindelo. A empresa avançou que o cancelamento deu-se devido a condições meteorológicas.
Ida Duarte, uma das passageiras, diz que comprou logo no início do mês de dezembro. A ideia era seguir viagem no dia 22, mas segundo informações que recebeu a data já estava completamente lotada, e acabou por conseguir bilhete para seguir viagem na quarta-feira, 20. Contudo, a viagem foi cancelada por alegadamente devido a condições meteorológicas adversas.
“Somos 151 passageiros que ficaram em terra, sem nenhuma justificação plausível. Apontam como causa mau tempo em Tarrafal e não conseguiram atracar muito bem. E o comandante decidiu e avisou que iriam levar apenas os passageiros de Santiago”, explicou a jovem que acusa a empresa de não fornecer informações antecipadamente.
Os passageiros revoltados, exigem que a companhia assuma as suas responsabilidades, que encontre uma alternativa e que, também, partilhe informações claras, sobre a reprogramação das viagens.
Elisaneo Soares é outro estudante de São Nicolau retido no país e lamenta esta situação. “Não é confortável estar nesta situação. “E o mais triste é, que queremos voltar para casa e não conseguimos”. E a empresa de transportes interilhas, reforçou que não “mexeu nenhuma palha”.
Diz que foram barrados no cais por agentes da Polícia Nacional e que deixaram embarcar apenas os passageiros com destino a ilha de Santiago. “E com isso, tivemos apenas uma declaração de um agente da PN que disse-nos que poderíamos ficar aqui na gare, com autorização da ENAPOR”.
Entretanto, hoje receberam uma comunicação da Enapor, segundo Elisaneo Soares, que devem procurar outro sítio para passar a noite. “Vamos ter que acionar amigos, para conseguir algum lugar para passar a noite”, sublinhou o jovem.
Ida Duarte, disse também que algumas pessoas, entre as quais uma mãe com uma criança recém operada teve que ir à procura de onde ficar e que outro jovem que estava internado, acabou por voltar para o hospital.
Dizem que os contactos com a CV interilhas não funcionam. “Tratam-nos de forma grosseira, sem educação e não sabem dizer nada”, criticou Iva Duarte que considera que devem arcar com as suas responsabilidades.
“Estamos sem comer, sem higienizar, sem nada e ficamos aqui abandonados e depois vão publicar nas redes sociais que lamentam constrangimentos”, apontou a jovem que afirma que deveriam, pelo menos dar a cara e tentar garantir as condições básicas, já que são os culpados pela nossa situação.
Amanhã tem um barco, mas a viagem já está lotada e perspectivamos que amanhã, sexta-feira, 22, vamos, outra vez, ficar em terra. “Prioridade é para quem tem viagem para 22. Tenho cinco anos em São Vicente. Viajo três vezes por ano e todas as vezes é a mesma coisa. Atrasos, cancelamento e, questionam o porquê das autoridades competentes não resolvem os problemas da ilha de São Nicolau.