Cabo Verde com 315 novos casos de infeção por VIH e 23 mil testes realizados em 2023

30/11/2023 15:53 - Modificado em 30/11/2023 15:53


Cabo Verde registou 315 novos casos de infeção por VIH até setembro de 2023, realizou 23 mil testes e as mulheres continuam a ser a população mais afetada, revelou em entrevista à Inforpress a secretária executiva do CCS/Sida.

Celina Ferreira, que falava no âmbito do Dia Mundial da Luta Contra a Sida, que se assinala a 1 de Dezembro sob o lema “Liderança comunitária para acabar com Sida”, disse que até Setembro foram realizados 23 mil testes e que as mulheres são a população mais afetada com VIH representado uma taxa de 0,7% dos 0,6% da prevalência existente a nível da população no geral.“O contexto epidemiológico do VIH em Cabo Verde está concentrado, com fraca prevalência na população sexualmente activa, de 15 a 49 anos, que é estimado de 0,6%, sendo as mulheres as mais afectadas, representando 0,7%”, realçou, avançando uma estimativa de 4 mil pessoas que convivem com a doença no país.


Celina Ferreira, que garantiu que a heterossexualidade continua a ser a forma mais frequente em termos de contágio, realçou, no entanto, que as relações entre dois homens têm prevalecido mais, sendo que em cada cem diagnosticado se encontram dez que vivem com VIH.


Ainda de acordo com a secretária executiva do Comité de Coordenação de Combate à Sida (CCS/Sida), em cada cem pessoas que consomem drogas três são diagnosticadas com a doença, assim como em cada cem pessoas que vivem do sexo quatro têm VIH.


“Estas populações demandam uma atenção de prevenção combinada de apoio nos serviços do VIH, estratégias de inclusão e de aceitação da condição de vulnerabilidade em que vivem”, disse, revelando que a maior parte das pessoas com VIH vive na ilha de Santiago e na Praia, mais concretamente.


A responsável do sector, que admite a necessidade de se trabalhar os jovens para não deixarem o vírus entrar no corpo, ou seja, para que mantenham um estilo de vida saudável, apontou trabalhos a serem realizados e que vêm ao encontro dos direitos humanos, a mitigação do estigma e discriminação, assim como a autonomia das populações vulneráveis.


Isso porque, adiantou que estes públicos alvos estão expostos a vários riscos, entre os quais múltiplos parceiros, sobrevivência e a não utilização de preservativos, o que acaba por constituir factor de risco para contágio e transmissão de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo VIH.


“Neste momento estamos no contexto de eliminação do VIH e, em 2024, vamos fazer tudo para eliminar a transmissão vertical, ou seja, de mãe para filho. Para isso temos desafios para 2030, preparando as três mil e tal pessoas que vivem com VIH a tomarem o seu medicamento para terem uma carga viral indetectável, trabalhar os adolescentes e jovens”, explicou.


No que se refere às populações chaves e vulneráveis, particularmente, os homens que fazem sexo com homens, Celina Ferreira avançou que se está a preparar um tratamento denominado “PrEP”, uma combinação de medicamentos, visando a não contaminação pelo VIH.


Entretanto, avisa que apesar da eficácia do tratamento, o mais importante é o uso correcto de preservativos e gel lubrificantes em todos os actos sexuais.


Refere ainda que a população com VIH continua sendo alvo de actos discriminatórios e auto estigma, visto tratar-se de pessoas com níveis baixos de escolaridade, sem emprego, na maioria mulheres que vivem em constante ameaça e não revelam o seu estatuto de doença.


“Estamos a trabalhar para aumentar a tolerância, os direitos humanos, visto que ainda existem casos de rejeição na família e no emprego. Queremos trabalhar para reforçar estes conteúdos, pois, a integração e inclusão são a melhor forma de acabarmos com a doença”, afirmou, apontando ainda o medo e a vergonha como grandes constrangimentos das pessoas que vivem com VIH.


A mesma fonte assinala que a CCS/Sida tem avançado com estratégias de proximidade de acordo com o contexto epidemiológico do VIH, focando sempre em locais onde existe maior incidência, trabalhando nas escolas, com pessoas com deficiência, taxistas e outros, usuários de drogas, enfim com todas as populações vulneráveis.


A CCS/Sida desde a sua criação, segundo explicou, está em todos os centros urbanos e nas comunidades trabalhando para a autonomia das pessoas com VIH por forma a adquirirem conhecimentos e tomarem medidas assertivas para a sua saúde, assim como a responsabilidade de fazerem gestão da sua sexualidade dentro do contexto de doenças.


Este ano o “dezembro vermelho”, que se assinala sob o lema “Liderança comunitária para acabar com Sida”, apela às comunidades para uma caminhada rumo à eliminação da sida.
As atividades relativas à data estão centradas na escola Cesaltina Ramos e um pouco em todo o país.

Inforpress

Comente a notícia

Obrigatório

Publicidades
© 2012 - 2024: Notícias do Norte | Todos os direitos reservados.