Um grupo de cidadãos na ilha do Sal está preocupado face às condições e nível de atendimento nos cuidados de saúde pública nesta ilha, particularmente nos serviços de urgências, pelo que apela o Governo a uma maior atenção à ilha neste sentido.
Conforme revelaram as pessoas que procuraram a Inforpress para manifestarem esse “desabafo”, já estão cansadas de tantas reclamações no sentido de se verem melhoradas as condições de saúde na ilha “que se diz” mais turística do país, mas as mesmas são ignoradas “já que entra ano sai ano, as coisas caminham é para pior”.
“Nós não podemos continuar com estas queixas que têm impacto negativo na qualidade de vida das pessoas, levando outras à morte. Com a saúde não se brinca, mas aqui no Sal está-se a marimbar”, desabafou Arlindo Mendes que disse ter sido “malcuidado” no hospital.
Também descontente com a atenção que os técnicos de saúde dão aos doentes, Nereida conta que levou a sua filha de oito meses ao banco de urgência às 10:00, com febre, diarreia e vómito, tendo sido atendida só por volta da 13:00, pela enfermeira que, entretanto, apenas lhe estendeu um “pacotinho de oralite de 30 escudos”, mandando-lhe embora.
“Que casta de gente está a trabalhar no hospital. Não estão no lugar certo, alguns devem ter escolhido profissão errada. Porque trabalhar nesta área, requer humildade, vocação para servir com amor, diminuir o sofrimento dos outros e salvar vidas. Mas no hospital do Sal, se estão a dormir ou a ver telenovela… os pacientes é que têm que esperar. Onde estamos e para onde vamos”, questionou, lamentando.
Outra miúda que não quis que o seu nome fosse revelado, conta que foi às urgências com dor na garganta, tendo sido observada por uma enfermeira, com a luz do telemóvel.
“E foi me prescrito um medicamento que já saiu há muito tempo do mercado, segundo me disseram na farmácia. O atendimento no hospital do Sal tem de melhorar, não satisfaz, a população local. A gente vai porque não há remédio. Nem todo o mundo tem dinheiro para ir às clínicas privadas. Quem vai ao Hospital do Sal está a antecipar a sua morte…. É que brincam com a vida das pessoas”, exteriorizou.
“A falta de atenção nos serviços de urgência, é gritante. Muitas vezes os pacientes nem chegam a ser vistos, examinados pelo médico, entretanto, vem o enfermeiro munido de uma receita com a prescrição de “Paracetamol ou Ibuprofeno”, contam outros, criticando tal situação.
Apontando a falta de médicos, e há algum tempo sem atendimento especializado de pediatria, por exemplo, “necessidade imprescindível”, além de outras valências, uns e outros entendem que a população salense está mal servida a nível dos cuidados de saúde pública.
Perante a situação apelam ao Governo, ao ministro Arlindo do Rosário, que tutela a pasta da Saúde, a uma melhor atenção à ilha, no sentido da criação de melhores condições tanto a nível de recursos humanos como de equipamentos.
Confrontado com essas acusações, o director do Hospital Ramiro Alves, Hélder Almada, admite haver reclamações nos serviços do banco de urgência dado ao tempo de espera provocado pela grande demanda, contra o número reduzido de médicos, conforme disse, reconhecendo ao mesmo tempo, que a nível da saúde pública há um caminho a percorrer no que respeita à humanização no atendimento.
Por outro lado, considerou “normal” o enfermeiro observar um paciente, já que tem que fazer a triagem antes de passar para o médico e sublinhou “não ver gravidade” em uma pessoa ser examinada com a ajuda de uma lanterna do telemóvel.
Perante essas queixas, o Dr. Helder mostrou-se disponível para mais esclarecimentos, destas e outras questões, numa conversa mais alargada na próxima semana.
Inforpress