Relacionamentos abusivos : Ninguém começa uma relação com soco na companheira ,mas …

20/06/2018 01:28 - Modificado em 20/06/2018 07:54
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Chamar a atenção sobre a temática dos relacionamentos abusivos é um assunto que tem sido muito debatido. Entretanto, basta saber que os relacionamentos abusivos não acontecem de uma hora para outra. Normalmente, os sinais são subtis, isso porque ninguém começa uma relação sendo agressivo de imediato.

Com o tempo é que os traços da personalidade vão aparecendo aos poucos, desde cenas de ciúmes que passam do limite do aceitável, até à parte em que o abusador passa a controlar a roupa que a mulher veste, isola a parceira e deprecia tudo o que ela faz. O que faz com que quem tenha passado pela experiência de um relacionamento abusivo, afirme que em muitos casos é uma situação difícil de sair e que marca um período conturbado na vida dessas mulheres.

“Passei por um relacionamento assim por muito tempo; é triste ver que as vítimas aceitam a ideia de que são culpadas por isso. Mas depois de sair, aconselho que não permitam que isso continue nas vossas vidas”, conta Betty.

O ciclo de violência que ocorria por meio das etapas “carinho, explosão, arrependimento e desculpas”, fazia-a sentir-se culpada e envergonhada.

Não é a agressão física, mas psicológica e moral, porque não é preciso que haja agressão para que isso se configure. Essa é uma questão que muitas mulheres não sabem ou ignoram. O abuso psicológico e moral acomete uma imensidão de mulheres.

Para a psicóloga contactada por este online é preciso sensibilizar a sociedade de que a violência doméstica não é um problema de quem a está a viver: é de todos nós.

“O relacionamento abusivo começa paulatinamente, com uma brincadeira, uma palavra, às vezes um empurrão e muitas mulheres em relações abusivas, dizem que ele não costuma bater-lhes, apenas que a empurram”.

Relação abusiva é aquela onde predomina o excesso de poder do parceiro sobre o outro. É difícil definir quando é que um relacionamento é abusivo, porém, os principais indicativos de uma pessoa abusiva são os ciúmes e o serem possessivos, o controlo das decisões e acções do parceiro, o querer isolar o parceiro até mesmo do convívio com amigos e familiares, o ser violento verbalmente e/ou fisicamente e o pressionar ou obrigar o parceiro a ter relações sexuais.

Muitas pessoas acreditam que quem está num relacionamento, “está porque quer”. Entretanto, muitas vítimas não conseguem sair dessa situação devido a uma infinidade de factores.

Factores que podem ser económicos, principalmente quando a vítima depende do parceiro, emocionais e afectivos que são as inseguranças e incertezas diante do que virá, medo de ficar desamparado/a, medo de reacções provenientes do parceiro, crença de que o parceiro poderá mudar as atitudes, crença de que não conseguirá restabelecer-se e seguir em frente, legais e burocráticas. Isso tudo tem a ver com o desgaste relacionado ao tempo e à burocracia, à falta de conhecimento por parte das vítimas sobre o que ocorre entre a denúncia e a sentença. Temos ainda os factores sociais: a relação abusiva pode ter isolado a vítima e a mesma pode estar distante dos seus familiares e amigos.

Embora as dificuldades estejam presentes, é essencial que a pessoa procure ajuda, porque acarreta também problemas de saúde, sendo os mais prevalentes associados aos relacionamentos abusivos são os de depressão e de ansiedade.

“Na verdade, você pode ter esse comportamento associado a sintomas de ataque de pânico e transtorno de stress pós-traumático relacionado a situações que relembram um relacionamento abusivo, uma relação violenta”, diz

Um relacionamento abusivo também pode ser percebido do ponto de vista de quem comete os abusos. Não necessariamente de quem sofre ou ambos podem estar cometendo abusos um contra o outro e, no início, nem sequer se dão conta.

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