Félix Cardoso, advogado de defesa do arguido Rodrigo Dantas, acusou o representante do Ministério de não ter feito “o trabalho de caso” e por via disso meteu-se “num sarilho que não consegue resolver e com isso sacrificar os arguidos “. O advogado explicou que esse sarilho resultou da pressa do MP em acusar “ Fê-lo em quatro meses, podia ter alegado a complexidade do processo e ganho mais dois meses. Não o fez e acusou sem provas “ Defendeu que com mais tempo, com mais diligências podia “ acusar com provas, com factos e não com suposições que não consegue provar “. Adianta que se o MP tivesse ouvido as testemunhas da Policia Federal Brasileira arroladas pela defesa, levado em consideração o relatório de investigação dessa policia ou tivesse pedido à PJ a confirmação dos factos que ocorreram no Brasil, o Tribunal não estaria com o problema, de “ condenar pessoas que podem ser inocentes ou absolver pessoas que podem ser culpadas “.
O senhor procurador consegue dormir tranquilo?
O advogado João do Rosário, ex. procurador da república, nas suas alegações “ atirou-se“ ao MP de uma forma que surpreendeu quem o tem acompanhado nas salas de audiência e que lhe reconhece um low-profile nas suas alegações e estratégia de defesa que não passam pelo confronto directo. Mas o causídico disse “ Custa-me ver o Ministro Publico que não procura a verdade material e só quer acusar”.Defendeu que no processo “ existem inúmeros factos que vão á favor dos arguidos, mas o representante do MP só vê” os que servem para acusar. E cita exemplos “ tudo o que as testemunhas disseram sobre o carácter dos arguidos mostrando que são homens de bem, com família, trabalho, sonhos não serve. Porque só quer acusar “ E concluiu “ sem provas, uma única prova, o MP considera que são traficantes ignorando toda a história de vida dos arguidos que vai noutro sentido “. O advogado afirmou que o MP “ na sua ânsia de acusar foi mais longe “ Ignora as suas próprias presunções quando presume que a droga foi carregada no dia 18 de Julho numa altura em que os arguidos Daniel Dantas e o capitão Oliver ainda não estavam no veleiro”. Defende que em vez de usar esse facto ,que está provado documentalmente, á favor dos arguidos, “ ignora, por que não interessa. O que interessa é acusar “. Rosário disse “ é com mágoa que vejo essa instituição que pertenci e respeito obstruir a procura da verdade material e abastecer-se do seu papel de garante da legalidade. Isto porque no seu entender o MP não aceitou as provas resultantes da investigação da polícia brasileira ou testemunhas que poderiam ajudar na descoberta da verdade material. “ Essa devia ser a função do MP recolher provas, testemunhos que contribuam para a descoberta da verdade material, mas o MP, este MP, só quer acusar, acusar”. Por isso tudo perguntou ao representante do MP “ pedindo a condenação dessas pessoas que pode atingir os 20 anos de cadeia, o senhor consegue dormir tranquilo? “ O advogado respondeu a pergunta que ele mesmo fez “ Não, responda, Eu respondo: o senhor não vai dormir tranquilo!”