Vistos Portugal: Jovem crítica VFS Global pela lentidão e demora nos processos – Esperou seis meses por uma resposta

2/10/2023 22:39 - Modificado em 2/10/2023 22:39

Documentos fora de prazo por culpa da VFS Global, recusa em receber recurso pelo cancelamento de visto para Portugal e descaso, são as acusações apontadas pela jovem Ronice Vicente que critica a atuação da empresa no processamento do seu pedido de visto. Só veio a ter alguma informação, seis meses após a emissão do pedido, quando são 60 dias, apenas para solicitar dois documentos que expiraram de prazo, enquanto aguardavam o andamento do processo.

Buscar melhores condições de vida, oportunidade de emprego, formação qualificada ou turismo são os propósitos de muitos jovens que acreditam em dias melhores, mas fora do território Cabo-verdiano.

É o caso de Ronice Vicente, uma jovem de 26 anos, natural de São Vicente, que à procura de um futuro melhor escolheu Portugal para dar continuidade aos seus estudos, numa escola de formação na área da saúde e educação.

Para fazer isso, em Dezembro de 2022 procurou a empresa VFS Global, na cidade da Praia, para agendamento do seu pedido de visto e assim concretizar os seus objectivos, começar a formação em Fevereiro deste ano, altura que começam as aulas, no referido centro educativo nas terras lusas.

No entanto, seis meses depois, 28 Junho de 2023, após sem nenhum tipo de informações, recebeu uma chamada da empresa informando que dois documentos, que entregou com os prazos certos e toda a informação, estavam fora de validade. “Solicitaram um segundo registo criminal, alegando que o outro já não servia e uma nova declaração da escola onde iria estudar, pelos mesmos motivos. A declaração de antes era de 2023/24”.

O site da Embaixada de Portugal diz que em geral o processo dura até 60 dias. Ocorre que passaram seis meses sem qualquer resposta. O pior: a empresa errou em não avaliar os documentos e foi obrigada a tirar novos. “Um mês depois da entrega dos novos documentos a resposta chegou, anunciando o cancelamento do pedido de visto, porque segundo a empresa, VSF, a declaração da escola que eu tinha enviado estava com data errada”.

Entretanto, diz que a data não estava errada. “A escola não trabalha com ano lectivo. As aulas arrancam em Fevereiro, todos os anos. E no mês de Junho, às aulas já tinham iniciado, logo, seria a para o ano de 2024/25”, atirou Ronice Vicente, que garantiu ainda que tudo isso estava explícito na documentação, mas que não foi levado em conta.

Diz que gostaria de ter uma explicação convincente de quais as vantagens de terem uma empresa terceirizada a fazer estes serviços, mas que continua a prejudicar os cabo-verdianos ”, acrescentou.

A VFS Global funciona unicamente como um centro de recepção dos pedidos de visto. A responsabilidade sobre a aprovação ou não dos mesmos continua a ser da inteira responsabilidade das autoridades portuguesas, de acordo com a embaixada de Portugal em Cabo Verde.

Logo, é da responsabilidade da empresa, que recebe uma taxa para este serviço, em não cometer este tipo de erros. “Não sou a primeira e acredito que não serei a última a reclamar. A empresa é horrível no atendimento, totalmente sem organização e trata as pessoas de um jeito ruim”, refere Ronice Vicente, citando a sua representante na ilha de Santiago.

As críticas desta jovem mindelense vão mais longe, e acusa a VFS de desorganização, desatenção e descaso para com a vida das pessoas. Diz que a resposta negativa, não é a causa da sua indignação, mas o facto de deixarem os documentos expirarem de validade.

Nisso, diz que voltou a contactar a empresa, para esclarecer o sucedido, mas sequer a ouviram e solicitaram o levantamento do passaporte. “Neguei e avancei com um recurso. Contactei um advogado que fez o documento, que posteriormente foi enviado para a cidade da Praia, onde uma representante foi fazer a entrega, mas foi recusado”.

Alegaram que o prazo já tinha expirado, quando ainda faltavam cinco dias para o seu término. E que após muita insistência, conseguiram fazer com que fosse recebido pelos funcionários. “Foi feito todo o processo de recurso do pedido de visto, porém, não quiseram receber o montante estabelecido, cerca de 8 mil escudos”.

E após o término do prazo do recurso, voltou a receber a mesma resposta. “Se dei entrada num recurso, não deveria ter a mesma resposta. Pelo menos uma resposta diferente e fundamentada. E estou indignada porque o meu caso, foi de negligência, descaso e falta de organização”, acusou Ronice Vicente, que acredita, que não deram atenção ao seu processo e que apenas deixaram o prazo passar.

Supostamente, analisa, esse serviço foi contratado para facilitar a submissão de pedidos e vistos online, mas, pelo contrário, o mesmo tem sido “dificultado”, tendo em conta os vários.

Do processo de visto, tirar os documentos, pagar por um representante na cidade da Praia fazer o serviço, solicitar documentos da escola em Portugal, entre outros, diz que gastou muito dinheiro, e que não é reembolsável, devido a negligência dos funcionários do VFS.

Em relação à escola de formação, diz que para não perder a vaga, começou a pagar desde Setembro de 2022 até Março deste ano, visto que o processo mostra-se moroso.  

Agora, só poderá voltar a solicitar outro visto, daqui a seis meses. E terá que fazer o processo todo de novo. “Não estou na cidade da Praia e toda a vez que solicito um serviço, tenho que pagar a uma pessoa para fazer tudo em meu nome”, lamentou.

O agendamento é feito através da da VFS Global, empresa externa que há 14 meses processa os pedidos de vistos de trabalho, quem estuda, tratamento médico e reagrupamento familiar de Cabo Verde para Portugal.

A disponibilização de vagas para o agendamento de pedidos de visto, explica, é feita conforme comunicação da Embaixada de Portugal em Cabo Verde.

Os agendamentos para entrega de vistos são feitos exclusivamente através da página de Internet da empresa, a quem também caberá a “gestão e disponibilização regular de vagas” para esse efeito, enquanto os custos destes serviços são suportados pelos requerentes.

De acordo com a informação disponibilizada pela VFS, ao requerente é cobrada uma “taxa de serviço” de 4.440 escudos, “por pedido, para além das taxas de visto” [9.924 escudos, valor “não reembolsável”.

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