Nobel alternativo dado a ONG e ativistas da Europa, Cambodja e África

28/09/2023 16:21 - Modificado em 28/09/2023 16:21
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Duas organizações humanitárias, do Cambodja e da Europa, e duas ativistas africanas — do Gana e do Quénia – foram hoje galardoadas com o prémio Right Livelihood, conhecido como o Nobel alternativo e que distingue projetos focados em problemas globais.

Omovimento de defesa do ambiente Mãe Natureza Cambodja, que preserva o meio e dá formação às populações locais – como pescadores e comunidades indígenas — ao nível da defesa dos respetivos direitos, é um dos galardoados deste ano.

O movimento Mãe Natureza Cambodja foi escolhido “pelo seu ativismo destemido e envolvente para preservar o ambiente natural do Cambodja no contexto de um espaço democrático altamente restrito”, explicou a organização do prémio, num comunicado hoje divulgado.

Segundo a mesma fonte, outros dos galardoados da edição de 2023 é a organização não-governamental (ONG) humanitária de resgate de migrantes no mar SOS Mediterrannee, distinção atribuída por causa das “operações humanitárias de busca e salvamento no Mar Mediterrâneo” desenvolvidas por esta estrutura com sede em Berlim, Marselha e Milão.

Esta distinção surge num momento em que o dossiê das migrações está novamente no centro das discussões europeias.

A SOS Mediterranee foi fundada por cidadãos europeus que fretaram um navio de resgate para salvar pessoas em perigo no Mediterrâneo Central, considerada a rota migratória mais mortífera do mundo.

A edição deste ano do prêmio Right Livelihood decidiu ainda reconhecer duas mulheres ativistas: a ativista ambiental queniana Phyllis Omido e a ex-ministra da Saúde do Gana Eunice Brookman-Amissah.

No caso de Phyllis Omido, a escolha do júri do Right Livelihood visou destacar “a luta inovadora para garantir os direitos fundiários e ambientais das comunidades locais” e o seu papel na evolução da legislação ambiental.

Phyllis Omido é fundadora do Centro de Justiça e Ação Ambiental, uma organização comunitária não-governamental que defende o ambiente e os direitos socioeconómicos das comunidades face às indústrias extrativas do Quénia.

Em relação a Eunice Brookman-Amissah, a escolha deveu-se aos seus “debates pioneiros sobre os direitos reprodutivos das mulheres em África” que, segundo a organização, abriram caminho “para leis de aborto liberalizadas e melhor acesso ao aborto seguro”.

Os laureados da Right Livelihood de 2023 “lutam pelo direito das pessoas à saúde, à segurança, a um ambiente limpo e à democracia”, explicou o diretor executivo da organização, Ole von Uexkull, citado no mesmo comunicado.

“Estes laureados assumem a posição de ter uma palavra a dizer nos assuntos das suas comunidades e daqueles afetados por políticas prejudiciais e corruptas. Cuidam das suas terras e de cada vida humana: sejam comunidades indígenas ou pessoas que arriscam suas vidas para chegar à segurança”, sublinhou o representante.

No ano passado, os prémios foram atribuídos às ativistas dos direitos humanos da Somália, Fartuun Adan e Ilwad Elman, à defensora dos direitos humanos ucraniana Oleksandra Matviichuk, e ao Centro para as Liberdades Civis que dirige, e ainda à Central de Cooperativas de Lara (Cecosesola), uma rede de cooperativas comunitárias venezuelana que fornece bens e serviços acessíveis em todo país.

Criado em 1980 em memória do biólogo estoniano Jakob Von Uexküll (1864-1944), o prémio é atribuído anualmente no parlamento sueco, sendo que os laureados deste ano serão homenageados num evento em Estocolmo, com transmissão televisiva, em 29 de novembro.

O júri internacional do galardão avalia projetos e individualidades que se destacam em áreas como Proteção Ambiental, Direitos Humanos, Desenvolvimento Sustentável, Saúde, Educação ou Paz e os vencedores, habitualmente quatro por ano, repartem um prémio pecuniário de cerca de 185 mil euros.

Até à data, mais de 190 nomes, oriundos de mais de 70 países, já foram laureados com o Right Livelihood, incluindo Edward Snowden (Estados Unidos da América), Denis Mukwege (República Democrática do Congo) e Greta Thunberg (Suécia).

LUSA

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