O MpD realiza na sexta-feira e no sábado, na cidade da Praia, a sua XI Convenção, com o objetivo de reorganizar o partido para o ciclo de governação iniciado em 2016.
Com três vitórias eleitorais expressivas no ano passado (legislativas, autárquicas e presidenciais), a convenção será também o momento de aclamação do presidente do MpD e primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, reeleito nas diretas do 08 de janeiro com uma votação a rondar os 99%.
“Há uma necessidade de reorganizar o partido para dar continuidade ao novo ciclo político para que haja sintonia [entre partido e Governo] e possamos ter um sistema a funcionar em pleno”, disse Filomena Gonçalves, da Comissão Política Nacional do MpD.
A responsável, que preside igualmente à comissão organizadora da convenção, falava hoje aos jornalistas, em conferência de imprensa, para apresentar o evento, que contará com 300 delegados do arquipélago e das comunidades cabo-verdianas no estrangeiro.
Filomena Gonçalves destacou o discurso de abertura do presidente do MpD, Ulisses Correia e Silva, que segundo adiantou, “indicará as linhas mestras de atuação do partido nos próximos três anos”, sublinhando a “grande responsabilidade” de apoiar o Governo.
A convenção irá ainda analisar uma proposta de alteração dos estatutos do partido, apresentada pela Comissão Nacional, e que poderá ser o único ponto a gerar controvérsia durante o encontro.
Em causa está a alteração ao artigo 66 dos estatutos, que determina as incompatibilidades no exercício de cargos dentro das estruturas partidárias, para que passe a prever a incompatibilidade na acumulação de cargos nos órgãos do partido e na administração pública.
“É uma questão de postura, de caráter e de ‘modus operandi’, um princípio de separar as águas, separar o Estado do partido. Quem estiver à frente de certas instituições estatais tem que canalizar toda a sua energia, toda a sua dedicação a essa causa, acima de qualquer interesse partidário”, disse Filomena Gonçalves.
Representantes de partidos da mesma área política do MpD de Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Angola vão marcar presença na convenção.
De Portugal, estará presente o secretário-geral do PSD, Matos Rosa, a presidente do CDS-PP Assunção Cristas e um representante do Partido da Terra.
O Movimento para a Democracia (MpD), que desde abril governa em Cabo Verde, afirma-se como um partido “centrista, aberto e interclassista”, inserindo-se na Internacional Democrata do Centro (IDC), a mesma família política do PSD.
Fundado em 12 de março de 1990 e tendo como primeiro presidente Carlos Veiga, venceu a 13 de janeiro de 1991 as primeiras eleições democráticas de Cabo Verde com maioria qualificada, repetindo a vitória em 1995.
Depois de 15 anos de um regime de partido único do PAIGC/PAICV, o MpD surgiu como uma das principais forças associadas à abertura política cabo-verdiana.
Em 2001, passou para a oposição após ter sido derrotado pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), então liderado por José Maria Neves.
Regressou ao poder sob a liderança de Ulisses Correia e Silva, gestor e antigo autarca da capital cabo-verdiana, e depois de ter ganho as eleições legislativas de março com maioria absoluta.
LUSA