Opinião – ABC versus ABK – ESCRITA ETIMOLÓGICA x ESCRITA ALUPEKIANA

3/09/2023 17:36 - Modificado em 3/09/2023 17:36
Napoleão Vieira de Andrade Pedagogo ( Militar )

A peculiaridade da formação da língua crioula nas ilhas de Cabo Verde leva-nos a uma escrita e leitura de forma diferente, consoante as variantes de cada “povo ilhéu”, sobretudo, quando se usa o sistema fonético fonológico – “ALUPEK”.

O ” ABK” – Alfabeto alupekista, uma Associação que defende ( a b s d e f g h i j dj l lh m n nh n̈ o p k r t u v x tx u v x z ), tem posicionado contra trabalhos do ABC ( A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, W, X, Y, Z) – Alfabeto, que escreve português, crioulo, francês, inglês, espanhol, etc.. durante séculos da história humana, para, em nome de invenção criar uma confusão jamais vista no sistema de ensino-aprendizagem em Cabo Verde.

O mal dos alupekadores está na má compreensão da sociedade cabo-verdiana, onde se convivem duas línguas, sendo a língua oficial portuguesa a BASE LEXICAL da formação da língua crioula, cujo momento é de alta tribulação e confusão com a introdução forçada e caprichosa do “ABK” de uma associação, que não quer ouvir o povo.

Ficou provado que o ABC escreve perfeitamente o crioulo cabo-verdiano, desde os Pré-Claridosos, Claridosos e escritores de actualidade.

Também, ficou provado que o sistema de ensino-aprendizagem fica mais bem sintonizado e com estreita ligação, quando ABC seja o alfabeto usado para escrita das duas línguas que coabitam na mesma sociedade e tem como estudantes e praticantes as duas línguas, que fazem pontes, usando palavras iguais / semelhantes, inclusive expressões que facilitam maior compreensão no campo do saber.

A cooperação e estudos de investigação e pesquisa aprofundadas poderão ser realizados, quando o ABC seja o alfabeto comum, facilitando sincronia, tanto na parte da gramática como na formação etimológica das palavras.

ALUPEK é uma empresa na minha opinião. Sim, é uma Associação restritiva, antidemocrática, que luta contra a democracia da língua cabo-verdiana.

Esta empresa – Associação, acha no direito de promover a si mesma com dinheiro do povo, sem abrir um circulo de bate maior, porque seus interesses podem cair por terra.

A BASE LEXICAL do crioulo tem muita ligação com a língua portuguesa. Senão, vejamos: Camisa, casaco, casa, céu, terra, comportamento, rato, geografia, etc, jamais podiam ser “kamiza, kazaku. kaza, seu, terá, konpurtamentu, ratu, jeografia, ets., onde nossa herança literária está intimamente ligada ao nosso processo histórico e cultural.

A escrita etimológica, através do ABC, facilita não só aos portugueses a terem a noção e a compreensão do crioulo no contexto da leitura como também a todos os países da CPLP.

Os países da expressão portuguesa entendem razoavelmente o espanhol, precisamente pela conservação das linhas etimológicas, embora com algumas diferenças.

Por isso, a língua crioula deve conservar a sua matriz etimológica, para poder transmitir culturalmente a nossa tradição literária, através do ABC e não ABK – alfabeto restritivo e anti-cultural.

Brasil escreve ” de”, mas lê-se “dje”para todos os brasileiros. Não teve necessidade de criar um alfabeto fonético fonológico.

Também os Pré-claridosos e Claridosos, bem como seus seguidores progressistas e dinamizadores entenderam e entendem que o ABC escreve belissimamente o crioulo cabo-verdiano, dando-lhe a perfeição merecida.

Os sinais gráficos como os tradicionais dígrafos “ch”, “dj”, “lh”, “nh” e o reconhecido trigrafo ” tch” constituem a base fundamental da fonética e fonologia do crioulo Cabo-verdiano.

As restantes mudanças é uma atrofia / matança da essência da nossa originalidade.

A dinâmica sociolinguística entre as ilhas, bem como nas suas diásporas em vários continentes tem demonstrado, que o crioulo, ainda, na sua fase embrionária de ensino tem muito que pensar e trabalhar
A tendência do crioulo é aproximar-se mais da língua Mãe – portuguesa, embora exista o limite ou a fronteira que as separa.

Assim como a língua espanhola e a portuguesa tem semelhanças, também tem a portuguesa com relação a língua cabo-verdiana. Embora, com limites / fronteiras que as separam uma da outra, através das regras.

As regras etimológicas observam atentamente a história e a cultura de ascendência entre os povos, absorvendo os valores e construindo identidade na base descomplexada.

Viva o crioulo cabo-verdiano!

Napoleão Vieira de Andrade

Pedagogo ( Militar )

  1. Ivan Sá Nogueira

    Muito difícil de acreditar em um trabalho científico tão exaustivo contudo com uma génese que vangloria, mais uma vez, o progressivo trabalho feito pelo europeu colono. O bendito “ABC” é produto do sistema educacional oriundo da europa. Não sabeis vós que bebendo de outras fontes poderás ser envenenado a ponto de esquecerdes a sua própia origem? Muitos de nós africanos somos “Pretos” batizados nos rios do conhecimento que forma a europa e está (milagrosamente?) tornou o sonho dos nossos ancestrais implicando, assim, injectação continua dos seus saberes ilusórios num povo de origem auténtica. Defendo que o ALUPEK vem, somente, diferenciar de forma nítida a verdadeira identidade do “falar Cabo-verdiano”. Não é possível um Cabo-verdiano de raiz venha a acreditar que as palavras “camisa”, “Rato”, “Geografia”, possam ser escrita da mesma forma usando o crioulo Cabo-verdiano, ainda, como se não basta-se, comparar o Cabo-verdiano com a língua Brasileira que, por sua vez, o sotaque, a dicção não varia muito e, em termos de quantidade, não existe muitas alterações. Já o nosso crioulo Cabo-verdiano tem várias variações e o seu timbre distáncia-se muito do português. Portanto, acredito que a continuação do uso do ABC é uma luta contra a democracia do Cabo-verdiano e o ALUPEK é a afirmação daquilo que é realmente o “Falar Cabo-verdiano” . Qualquer compatriota que quer ver o país crescer de mãos dadas com a identidade Cabo-verdiana sabe que a autenticidade é o caminho.

  2. Republicano

    Esplêndido! Não podia ter opinião mais sábia do que esta. Unidos venceremos.

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