O projeto de conservação de tartarugas da ilha do Sal, Cabo Verde, Project Biodiversity, já registou este ano 12.500 ninhos de tartarugas, um dos melhores anos de desova observados pela associação, disse o biólogo responsável pelo projeto.
Albert Taxonera disse à Lusa que, com os números já alcançados a meio da temporada, este deverá ser “o terceiro ano com mais registos de desova aqui na ilha do Sal”.
Com aproximadamente dois meses até finalizar a época de migração das tartarugas, que começou em junho, aquele responsável acredita que até ao final o número ainda vai duplicar.
O Project Biodiversity, fundado em 2015, tem hoje uma equipa de 48 pessoas que vigia diariamente quase 23 quilómetros de praias da ilha do Sal e entre eles estão estudantes estagiários da Universidade de Cabo Verde, voluntários internacionais e alguns soldados das forças armadas.
Apesar de este ser um ano satisfatório, a associação está preocupada com a caça às tartarugas, uma vez que já detetou a captura de 73 exemplares.
O tema continua a ser “alarmante”, diz Albert Taxonera.
Ainda assim, acredita que este ano vai haver “menos tartarugas apanhadas do que no ano anterior”, em que houve 137 capturas, porque foi incrementada “a zona de patrulha e monitorização”.
O responsável disse ainda que este é o primeiro ano em que a Direção Nacional do Ambiente coloca guardas nas principais praias de observação das tartarugas marinhas na ilha do Sal.
“Há 10 guardas, constantemente, nas diferentes praias e isso é uma novidade e achamos que é uma boa dinâmica”, realçou.
A comunidade tem participado “ativamente” na vigilância das praias, como a Associação de Pescadores de Santa Maria e a Sociedade de Pescadores de Palmeira, que colocam vedações nos locais de desova, nas praias, e organizam patrulhas noturnas regulares.
Os cães vadios são também um “desafio constante” e com vários anos: um problema, para já, sem solução.
Além do projeto de conservação de tartarugas da ilha do Sal, a associação também promove conservação de aves marinhas, entre as quais o guincho, e luta pela preservação de várias espécies de plantas endémicas.
Cabo Verde introduziu legislação para proteger as tartarugas marinhas pela primeira vez em 1987, proibindo a sua captura em épocas de desova, mas desde 2018 está em vigor uma nova lei, que tipifica outros tipos de crime, nomeadamente o abate intencional, bem como a aquisição, a comercialização, o transporte ou desembarque, a exportação e o consumo.
A população de tartarugas marinhas ‘Caretta caretta’ de Cabo Verde é a terceira maior do mundo, apenas ultrapassada pelas populações na Florida (Estados Unidos da América) e em Omã (Golfo Pérsico).
LUSA