Apesar das sanções internacionais, o Irão duplicou a capacidade de produção de urânio enriquecido nas instalações nucleares de Fordo, segundo um relatório divulgado pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) enquanto decorre nem Teerão a cimeira dos não alinhados.
A agência das Nações Unidas para o nuclear denuncia o aumento de produção nas instalações subterrâneas de Fordo e refere ainda que foram colocados entraves ao seu trabalho nas instalações de Parchin, onde se suspeita que esteja a ser realizada investigação relativa a armas nucleares.
O Irão tem defendido que o seu programa nuclear se destina a fins pacíficos, mas segundo o novo relatório da AIEA foram produzidos desde 2010 cerca de 189 quilos de urânio enriquecido, mais do que os 145 quilos que tinham sido detectados em Maio. O número de centrifugadoras em Fordo, junto à cidade santa de Qom, mais do que duplicou desde Maio, de 1064 para 2140, segundo a agência da ONU.
As novas máquinas não estarão ainda a funcionar, o Irão garante que o objectivo daquelas instalações é enriquecer urânio para fins civis, o que significa que a percentagem de enriquecimento não pode ultrapassar os 20%.
Em Maio a AIEA tinha detectado urânio enriquecido a 27%, mas as autoridades iranianas adiantaram que essa percentagem terá sido alcançada acidentalmente.
As novas centrifugadoras terão sido instaladas a 18 de Agosto e representam um aumento de capacidade superior ao que era esperado. O urânio enriquecido pode ser usado para a produção de electricidade ou de isótopos médicos utilizados, por exemplo, no diagnóstico de cancro. Mas um enriquecimento na ordem dos 90% permite fabricar uma bomba nuclear.
Ainda nesta quinta-feira, o líder supremo iraniano, ayatollah Ali Khamenei, garantiu que o objectivo do programa nuclear do Irão não é produzir uma bomba atómica, durante a cimeira dos não alinhados que está a decorrer em Teerão.
Os inspectores da AIEA referem ainda no seu relatório, o quarto apresentado pela agência, que as autoridades iranianas “bloquearam consideravelmente a capacidade de a agência efectuar uma verificação eficaz nas instalações de Parchin. E dizem suspeitar que, naquelas instalações, foram efectuados testes de explosão convencional que poderão ser aplicados a fins militares. A AIEA garante ter pedido desde o início do ano o acesso às instalações, sem sucesso.
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