Estaleiro naval da Cabnave reduz prejuízo, mas continua no ‘vermelho’

11/07/2023 13:30 - Modificado em 13/07/2023 10:11

A Cabnave, o único estaleiro naval de Cabo Verde e detido pelo Estado, reduziu os prejuízos em cerca de 80 % em 2022, para 1,2 milhões de escudos, mas continua com as contas no ‘vermelho’, de acordo com dados oficiais.

De acordo com o relatório financeiro de 2022, aqueles estaleiros, que operam há 40 anos na ilha de São Vicente e que Governo pretende privatizar, tinham registado em 2021 prejuízos de 6,1 milhões de escudos e viram o volume de dívidas aos fornecedores aumentar, igualmente, de 38,3 milhões de escudos para mais de 51,8 milhões de escudos num ano.

As receitas da Cabnave cresceram quase 8 % no ano passado, face a 2021, para 341,4 milhões de escudos, essencialmente na reparação de navios cabo-verdianos e estrangeiros. Ainda assim, aqueles estaleiros repararam no total 60 navios (40 de pesca e três cargueiros, entre outros) em todo o ano passado, menos dois face a 2021.

“Pela segunda vez em cinco anos o mercado nacional teve uma maior contribuição para a formação do negócio da reparação naval ao atingir 56,4% do correspondente valor global. Em 2020 já tinha atingido 51,1%, quando tradicionalmente o indicador oscila entre uma taxa a rondar os 20% a 40%”, lê-se na mensagem do conselho de administração no mesmo relatório.

Acrescenta-se que além de Cabo Verde (19 navios), os armadores que mais procuraram os serviços da Cabnave em 2022 foram os provenientes da China (20) e de Espanha (16).

A CV Interilhas, concessionária dos transportes marítimos de passageiros e carga, liderada pelo grupo português ETE, foi o principal cliente da Cabnave em 2022, com um valor faturado de 115,7 milhões de escudos, referente a seis reparações em navios.

A Cabnave contava no final de 2022 com 151 trabalhadores e um capital social de 245 milhões de escudos, sendo 98,9 % detido pelo Estado cabo-verdiano, estando os restantes 1,11 % nas mãos de privados.

Na vertente financeira, o relatório da administração alerta para uma “relevante preocupação” que resulta da “observação do nível bastante baixo a que chegou o valor dos ativos não correntes”, ao cair para 28,1 milhões de escudos, refletindo a “perda de valor do património e a ausência dos necessários e urgentes investimentos no estaleiro”.

“Outro facto a registar é o do montante do capital próprio estar já próximo do valor de 50 % do capital social. Também aqui volta a ser relevante a necessidade da realização dos investimentos que, conjuntamente a uma possível reestruturação do pessoal e organização, propiciarão retornos que contrariarão quer a perda de valor dos ativos fixos não correntes, como a do capital próprio”, lê-se.

A administração escreve igualmente que a solvabilidade da Cabnave “continua baixa”, situando-se em 0,9 (1,0 em 2021).

“Em consequência daquele indicador, a estrutura financeira da empresa continua não sendo a desejável, facto que justifica a intenção, que se espera de breve concretização, de uma intervenção com implicações estruturais”, aponta ainda.

O Governo cabo-verdiano afirmou no início de 2019 que estava à procura de privados com capacidade para investir até 12 milhões de euros naquele que é o único estaleiro naval do País.

O processo de privatização, de que não se conhecem mais detalhes até ao momento, está a ser preparado pela Unidade de Acompanhamento do Setor Empresarial do Estado (UASE), do Ministério das Finanças, e o objetivo é encontrar um parceiro “com conhecimento e especializado no setor” para fazer esses investimentos necessários.

A ideia, assumiu o Governo liderado por Ulisses Correia e Silva, passa por fazer com que os estaleiros possam ter “uma dimensão mais internacional”.

Inforpress/Lusa

Fim

  1. Manuel Fortes

    Boa Noite, A foto é da Onave, não da Cabnave!

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