O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou hoje o discurso de ódio como um “fenómeno tóxico e destrutivo”, que as plataformas de redes sociais podem “amplificar e espalhar” à “velocidade da luz”.
Na mensagem que assinala o Dia Internacional contra o Discurso de Ódio, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que as respostas a este problema não podem ser “enganosas e ambíguas, incluindo proibições e apagões da internet”.
Para Guterres, estas medidas podem “silenciar aqueles que estão mais bem posicionados para combater narrativas de ódio: os jornalistas e defensores de direitos humanos”.
O secretário-geral da ONU afirmou que o discurso de ódio visa normalmente grupos vulneráveis, reforçando a discriminação, o estigma e a marginalização, e é “um dos sinais de alerta de genocídios e de outros crimes atrozes”.
A ONU recorda que entre os principais alvos estão minorias, mulheres, refugiados, migrantes e pessoas de diferentes orientações sexuais e de género.
Também o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, apelou à comunidade internacional para que trabalhe em conjunto para eliminar os discursos de ódio, que encontram nas redes sociais “um terreno particularmente fértil”.
“Sabemos que o ódio é utilizado por aqueles que querem semear a discórdia, procurar bodes expiatórios e desviar a atenção dos problemas reais. As redes sociais são um terreno particularmente fértil para este discurso, que se espalha com um alcance e uma velocidade sem precedentes. E o ódio gera discriminação e violência”, afirmou Turk.
A conselheira especial da ONU para a Prevenção do Genocídio, Alice Nderitu, lembrou situações em que o discurso de ódio criou desumanização e violência contra populações inteiras, salientando que “nenhuma sociedade do mundo é imune” a este fenómeno.
Alice Nderitu mencionou os refugiados rohingya, que sofreram “décadas de tortura, deslocamento e desumanização” em Mianmar, antes de fugirem para o país vizinho, Bangladesh, e citou casos como o da etnia tutsi dizimada no Ruanda, em 1994, e dos judeus vítimas do Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial.
Em todos esses casos, “o discurso de ódio foi empregado”, afirmou, salientando que “o ódio é ensinado”.
Chamando a atenção para as “narrativas que se passam de uma geração para outra”, a conselheira da ONU defendeu ser possível romper o ciclo de transmissão do ódio através da educação, da informação e da empatia.
Na sua página na Internet, a ONU afirma que tem trabalhado num Código de Conduta voluntário sobre integridade da informação em plataformas digitais, com governos, empresas de tecnologia e outros atores do setor, com o objetivo de reduzir a desinformação e o discurso de ódio e preservar a liberdade de expressão.
LUSA