Ainda com dois anos a separarem o país das próximas eleições que acontecem em 2016, os responsáveis pelo recenseamento na ilha de São Vicente estão preocupados com a adesão dos jovens que já completaram dezoito anos. É que os números que a Comissão de Recenseamento Eleitoral tem não são animadores. Durante o ano de 2012, ano eleitoral, houve 2306 inscritos. Mas, a partir dessa data, os números têm diminuído. Em 2013 caíram para 101 inscritos e em 2014 apenas 185 pessoas fizeram a sua inscrição. Os números são baixos como explica o Presidente da CRE-SV, Humberto Mota, já que o potencial é de cerca de sete mil.
Uma situação que preocupa Mota e que gostaria de ver melhorada. O número de eliminações (cerca de 300 anualmente) que acontecem em caso de óbito, neste momento, é superior ao de novos inscritos.
“Este caso é preocupante porque para além de ser um dever cívico, o cidadão torna-se menos participativo e poderá perder uma oportunidade de ser um cidadão mais completo e, por isso,” Humberto Mota faz apelo às pessoas com dezoito anos e que ainda não se tenham recenseado para o fazerem. O serviço está aberto durante o ano inteiro e garante que o recenseamento é um acto de cidadania. É um processo contínuo.
As dificuldades
Mota diz que já foi feito um estudo que enumera as razões pelas quais as pessoas não se recenseiam. Uma das causas é a falta de informação. Neste aspecto, garante que tem havido campanhas frequentes nas escolas e nas comunidades. Outro aspecto é o de associar o recenseamento a um acto de política. “Devemos assumir este acto como um acto de cidadania e, depois, as pessoas podem escolher se optam ou não por votar”, afirma.
Figurino actual e proposta
Mota sugere que o figurino actual não seja o mais indicado. “É preciso chamar os partidos para reverem este figurino porque tem-se revelado ineficaz. Há um serviço aberto com custos fixos e sem contrapartida”, acrescenta Mota. E sugere que o recenseamento seja obrigatório podendo ser realizado nalguns momentos como na obtenção do bilhete de identidade ou na solicitação do NIF.
É um desinteresse aparente. O caboverdeano, por natureza, deixa tudo para a “ultima hora”. Com certeza no último mês antes das eleições vai ter o recenseamento complecto. Mas parece-me que, se houvesse cartão de eleitor, qualquer jovem, ao completar 18 anos, no dia seguinte iria a correr recensear-se, só para ter o “prazer” de exibir o seu cartão de eleitor. O cartão da maioridade.