Há mais de três décadas, que Euclides dos Santos, conhecido carinhosamente como “Kik”, tem dedicado sua vida à arte da chapa galvanizada. Com 53 anos de idade e residente na zona de Alto Bomba, em Monte Sossego, São Vicente, “Kik” é um verdadeiro mestre na manipulação desse material.
Desde sua juventude, quando soldava com solda branca, solda de elétrodo e solda de oxigênio, até os dias atuais, onde molda peças representando tipos de peixes em chapa galvanizada enferrujada, seu talento e dedicação permaneceram inabaláveis.
Considerado um verdadeiro ícone do trabalho com chapa galvanizada em São Vicente, aos 53 anos de idade e residindo na zona de Alto Bomba, Kik tem sido uma figura constante no mundo do artesanato.
Desde a tenra idade de 16 anos, ele começou a trabalhar com chapa galvanizada, latas, alumínio, zinco e cobre, desenvolvendo habilidades em solda branca, solda de elétrodo, solda de oxigênio e outros processos.
Kik viveu em uma época em que a iluminação doméstica era proporcionada por lamparinas, pequenos recipientes que continham petróleo para gerar uma fraca iluminação nas casas.
Nesse contexto, ele perdeu a conta de quantas lamparinas produziu para vender. Seu processo de criação começava com a recolha de latas de leite condensado, salsinhas, azeite e outros materiais de lata na lixeira da ilha, além de recolher também em lojas.
“Naquele tempo, esses materiais eram utilizados para fazer canecas e outros utensílios domésticos, pois eram as opções disponíveis”, explicou Kik, que tornou a recolha de latas a primeira etapa de seu processo de trabalho, uma rotina que se tornou sua marca registrada. Além das canecas, ele produz formas para bolos, tinas e diversos utensílios de cozinha e panificação.
Um dos destaques de suas criações era o famoso “fogão-primo”, um instrumento muito presente nas casas das famílias da época. “Com o tempo, comecei a cortar agulhas de fogão-primo, já que todas as casas tinham esse objeto. Isso começou a trazer um pouco mais de dinheiro para mim. No final, o que importava era o resultado de cada peça produzida”, disse Kik, com orgulho em sua voz.
Com o passar dos anos, Kik aprimorou suas técnicas de manipulação desse material resistente e desafiador, principalmente no processo de cortes. Euclides dos Santos progrediu do trabalho com latas para as chapas galvanizadas, tornando-se habilidoso em sua arte. À medida que o trabalho aumentava, suas responsabilidades também cresciam, adquirindo experiência em diferentes aspetos desse ofício.
Hoje, aos 54 anos, Kik continua dedicado a essa atividade, que é sua única fonte de sustento há 37 anos. Esse empreendedor talentoso tem participado de diversos eventos, expondo suas obras de arte representadas por peixes moldados em chapa galvanizada enferrujada. Recentemente, ele participou das comemorações do Dia dos Oceanos, celebrado anualmente em 8 de junho, além de anteriores residências artísticas.
No que diz respeito ao material que utiliza, Euclides tem adquirido as chapas galvanizadas através de compras em sucatas ou encontrando-as no meio ambiente. Seu pequeno ateliê é o lugar onde tudo acontece e onde a criatividade não tem limites.
No entanto, Kik sonha em ter um espaço mais adequado para expor e vender suas obras, além de receber turistas interessados em conhecer seu trabalho.
No entanto, uma preocupação constante atormenta esse artesão talentoso: a confusão que algumas pessoas fazem ao associar o ensino dessa arte aos mais jovens com exploração infantil.
“Tenho muita vontade de ensinar os mais novos, mas as pessoas logo pensam que isso pode ser uma forma de exploração de mão de obra infantil. Discordo totalmente disso”, lamentou Kik, destacando seu desejo de compartilhar seu conhecimento e paixão pela arte da chapa galvanizada.
AC – Estagiária