Os tripulantes do navio Nossa Senhora da Graça disseram ao NN que estão no porto de Monróvia, Libéria, a “viverem no limiar da sobrevivência”. E pior: devido ao surto de Ébola, temem pela própria vida.
De acordo com as declarações de Alexis Herrera Cortes, Primeiro-oficial de Máquinas, estão há mais de um ano sem energia eléctrica no barco e sem receberem os salários. “A equipa com mais tempo a bordo está há 24 meses e a com menos tempo está há 15 meses”. Para Herrera, a proprietária do navio está a “violar todas as convenções internacionais dos marítimos e as cláusulas do contrato de trabalho”.
Para os tripulantes, as condições de vida que já eram péssimas, pioraram com o surto de Ébola na África Ocidental e com o aumento dos casos na Libéria. Mas temem outros perigos para a própria saúde tendo em conta que afirmam que a alimentação é deficiente: a comida é confeccionada a carvão, não há variedade e não comem nem fruta, nem vegetais. E dizem que “a média de dinheiro disponibilizado internacionalmente para a alimentação dos marítimos é de 5,50 dólares e no Nossa Senhora da Graça têm apenas 2,18 dólares/dia.
Adianta que nem sequer têm dinheiro para pagar o hospital em caso de algum acidente a bordo. Na sua mensagem, Herrera afirma que “a dona do navio diz à tripulação que vai resolver o problema, visto que o Governo de Cabo Verde lhe deve dinheiro. Mas esta conversa já dura há cinco meses e até agora nada”.
A armadora do Nossa Senhora da Graça contactada pelo NN nega todas as denúncias dos tripulantes e afirma que “os salários têm sido pagos e que não corresponde à verdade a descrição feita ao NN sobre as condições em que os tripulantes vivem no navio. Tanto é que três dos tripulantes são seus filhos”.
A Capitania dos Portos de Barlavento onde o navio está matriculado, não tem conhecimento de nenhuma denúncia por aparte dos tripulantes do Nossa Senhora da Graça. Mas este online sabe que a bordo do navio estão seis cubanos, quatro cabo-verdianos, dos quais três são parentes da armadora, três da Guine Conakry, um da Serra Leoa e um do Gana, que até agora se têm limitado “a esperar” para que a situação seja resolvida.