Um Exército mais pequeno e mais ágil, capaz de responder a diferentes tipos de ameaças mas que terá dificuldades em travar duas guerras em simultâneo. É esta a leitura que está a ser feita do orçamento que o secretário da Defesa norte-americano, Chuck Hagel, vai apresentar nesta segunda-feira e que prevê uma redução do número de soldados para um nível anterior à II Guerra Mundial.
A informação é avançada pelo New York Times, que cita vários responsáveis do Pentágono, sublinhando que este é o primeiro orçamento a pôr em prática, de forma clara, a decisão política de cortar o número de efectivos, depois dos valores recordes atingidos no período do pós-11 de Setembro.
Com as guerras do Afeganistão e do Iraque a serem travadas em simultâneo, o Exército chegou a contar com 570 mil soldados. Agora que a segunda missão se aproxima do fim, a Administração diz que não há razões para manter tantos efectivos: os planos em vigor prevêem uma redução para 490 mil soldados e o orçamento para o próximo ano fiscal (que se inicia em Outubro) poderá reduzir esse número para um valor entre os 440 e os 450 mil. Será, segundo o jornal nova-iorquino, “um Exército capaz de derrotar qualquer adversário, mas demasiado pequeno para longas ocupações no estrangeiro”.
O plano – que prevê também a eliminação de toda a frota dos aviões de ataque ao solo A-10 (desenhados para destruir os blindados soviéticos) – resulta da nova estratégia de defesa norte-americana, anunciada pelo Presidente norte-americano, Barack Obama, no final de 2012. Ao invés de um grande efectivo, a quem era pedido que fosse capaz de actuar em simultâneo em dois palcos de operações, as ordens presidenciais passam agora por “assegurar a defesa do território e dos interesses americanos e ser capaz de deter qualquer ameaça externa”. Estas directivas espelham o pouco interesse da actual Administração pelo envolvimento num novo conflito, mas também a necessidade de limitar o gigantesco défice criado pelas guerras iraquiana e afegã.
“Vamos continuar a ter um Exército muito significativo. Vai ser ágil, capaz, moderno e bem treinado”, disse ao NY Times um dos responsáveis.
O Pentágono está, no entanto, preparado para uma oposição cerrada, quer das associações militares quer do Congresso onde, ainda antes de ser revelado o novo Orçamento, estão já a ser debatidas propostas de alteração. Alguns temem que o Exército seja menos capaz de lançar grandes operações – e venha a sofrer mais baixas no caso de ser chamado a combater –, outros avisam que a redução pode ser vista pelos adversários como um sinal de fragilidade.
O Departamento de Defesa diz, porém, que a redução não põe em causa a operacionalidade e que o plano conta com o apoio do Estado-Maior. “É sempre preciso manter a instituição preparada, mas não podemos manter uma grande estrutura terrestre quando não há uma grande guerra em curso”, disse outro responsável.
O Orçamento prevê, pelo menos para já, a manutenção dos actuais 11 porta-aviões e a compra por parte da Marinha de novos contratorpedeiros e submarinos.
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