São Vicente/Assembleia Municipal: Oposição acusa câmara municipal de gerir a ilha através de “saco azul”

11/06/2025 12:50 - Modificado em 11/06/2025 12:50

Os dois partidos da oposição, PAICV e UCID, avaliaram hoje negativamente as contas de gerência da Câmara Municipal de São Vicente, que tem “bloqueado” a ilha com dívidas e com “saco azul” onde “cabe tudo”.

A acusação foi feita durante a segunda sessão ordinária deste ano da Assembleia Municipal de São Vicente para apreciação das contas de gerência da câmara e que ficou marcada por debate aceso entre o presidente da edilidade, Augusto Neves, e os seus opositores.

Para o líder da bancada da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), Anilton Andrade, a questão da desaprovação do seu partido tem a ver com as doações, uma vez que a câmara previa arrecadar dez mil contos, mas conseguiu “mais de 56 mil contos”.

“Mas não houve nenhuma explicação por parte do presidente. A câmara recebeu muito mais dinheiro do que previa arrecadar, mas não sabemos onde foi aplicado”, sublinhou.

Anilton Andrade vai mais longe e aponta a rubrica outras despesas, na qual se previa um valor que foi ultrapassado em quatro vezes. 

“Dá a impressão de existir um saco azul onde cabe tudo e sai tudo e não há nenhuma explicação”, lançou o eleito, referindo-se a questões colocadas pela oposição que ficaram sem respostas.

Já o líder da bancada parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Nilton Silva, acredita que a situação de bloqueio existente na ilha tem a ver com a “elevada dívida” com a banca e diversas outras instituições do Estado. 

“Imaginem que a câmara municipal tem uma dívida com a banca de 495 mil contos, não falando da dívida com o INPS [Instituto Nacional de Previdência Social], com pessoas singulares e com pessoas colectivas”, criticou.

Por outro lado, acrescentou, 800 mil contos do orçamento são somente para despesas corrente, o que, conforme Nilton Silva, não deixa espaço para investimentos.

Outras das razões para a apreciação negativa, apontou a mesma fonte, é o facto de o sector cultural da edilidade não prestar contas, entre os quais o Festival Baía das Gatas, festas de São João e passagem de ano.

Em contramão, o eleito municipal do Movimento para a Democracia (MpD, poder), Roni Wahnon, assegurou que a sua bancada aprovou as contas de gerência porque “demonstraram o compromisso de honrar com as responsabilidades municipais”. 

Segundo Roni Wahnon, isso ficou claro mesmo com o regime de duodécimos dos dois últimos anos, que revelaram o esforço da câmara em trabalhar em prol de São Vicente.

Confrontado pela imprensa, o presidente, Augusto Neves, disse que ele e a sua equipa fazem de tudo para que a gestão seja feita da “melhor forma e com clareza” e com todas as actividades plasmadas nas contas de gerência.

“Seguiremos fazendo isso para o bem de São Vicente e seguiremos trabalhando para a qualidade de vida da população sanvicentina”, afiançou, com o desejo que este mandato seja “fácil” ao contrário do mandato em que trabalhou em regime de duodécimos.

Augusto confirmou estar tranquilo em relação à apreciação da oposição.

Durante a sessão, como último ponto de agenda, foi aprovada por unanimidade a nova tabela remuneratória dos Bombeiros Municipais de São Vicente. 

Inforpress

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