O deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) Démis Almeida pediu hoje uma “investigação séria e independente” ao incidente com a aeronave King Air 360 ER, alegando “falta de clareza” nas circunstâncias do caso.
“Há um conjunto de aspectos que não estão claros e que necessitam de uma investigação séria, independente, capaz de esclarecer as circunstâncias que envolveram esse aparente incidente grave. É claro que é necessário realizar as investigações e esclarecer o que de fato aconteceu”, precisou o deputado.
Démis Almeida falava esta manhã, em conferência de imprensa, sobre o incidente ocorrido no passado 17 de Abril, que envolveu aeronave King Air 360 ER, durante a sua primeira missão médica de emergência da ilha da Boa Vista para Santiago, em que registou uma ocorrência que levou a uma “aterragem brusca da aeronave”, e provocou “o amolgamento das pás da hélice direita”.
Considerou de “lacónico e redondo” o comunicado emitido no dia 21 pela Comissão para a Implementação da Aviação Militar, uma vez que o documento, sintetizou, falha em responder às questões fundamentais relacionadas com o ocorrido, que já foi qualificado pela Aviação Civil como “incidente sério”, com potencial para resultar num acidente grave.
Démis Almeida questionou, entre outros aspectos, se a aeronave estava devidamente certificada para operar voos civis, nomeadamente a transferência de doentes, e considerou “preocupante” a possibilidade de a operação ter sido realizada “sem o processo de certificação concluído”.
O deputado interpelou também se a certificação ainda não estava finalizada, como foi possível autorizar a transferência médica de um “doente real, com profissionais de saúde reais a bordo”, entre as ilhas da Boa Vista e de Santiago, situação essa que, reforçou, colocou em risco vidas humanas.
O parlamentar exigiu igualmente que se identifique quem autorizou a operação e que tipo de responsabilidades serão assumidas.
Outro “ponto crítico” levantado prende-se com os danos causados à aeronave, concretamente o amolgamento das pás da hélice direita, que para além da substituição das mesma, será também necessária a substituição do motor, como sugerem alguns especialistas do sector.
“Estamos falando de uma aeronave cujos custos de aquisição e equipamentos rondam os 15 milhões de dólares, através de uma engenharia financeira feita pela Empresa Nacional de Aeroportos e Segurança Aérea mediante ajuste direto”, apontou
O deputado questionou também de que forma é que uma comissão, cuja missão se prende, supostamente, com a instalação de aeronaves civis de uso militar, se pronuncia sobre um incidente envolvendo uma aeronave civil, com registo civil pertencente ao Estado.
Para o parlamentar, essa comissão não detém competência nem autoridade para se pronunciar sobre um assunto dessa natureza.
Para o PAICV, a gravidade do incidente impõe uma “investigação séria, independente e transparente”, conduzida pelo Instituto de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos e Marítimos (IPIAAM) e pela Agência de Aviação Civil (AAC), a fim de garantir a responsabilização de todas as entidades envolvidas e evitar situações semelhantes no futuro.
A aeronave King Air 360 Extended Range (ER), avaliada em 15 milhões de dólares, chegou a Cabo Verde a 11 do corrente, vai ser submetida a inspecção e avaliação, por causa de um incidente que provocou o amolgamento das pás de uma das hélices.
Este facto, ainda de acordo com a nota assinada pelo coordenador da Comissão para a Implementação da Aviação Militar, o coronel Domingos Correia, determina pelas regras da aviação e do próprio fabricante da aeronave, que a mesma seja submetida para inspecção e avaliação, antes da retoma dos treinos e familiarização.
Inforpress/Fim