O primeiro-ministro considerou hoje, no Mindelo, que o livro “Embaixadores da Esperança” é um documento que poderá servir de exemplo para todos os cabo-verdianos porque transmite valores, ideias e força interior para ultrapassar problemas.
Ulisses Correia e Silva falava à imprensa a propósito do lançamento do referido livro, no Centro Cultural do Mindelo. A obra traz histórias de superação de vícios do álcool e outras drogas e surgiu a partir do programa televisivo“Embaixadores da Esperança”, criado na sequência de várias visitas que o primeiro-ministro realizou a diversas comunidades terapêuticas no País.
“É uma obra que é a história de superação de pessoas que bateram no fundo do poço por causa do consumo excessivo e viciante da droga, do álcool e conseguiram, graças em primeiro lugar ao esforço próprio, depois das condições criadas, do acolhimento, da ressocialização, sair do fundo do poço e refazerem as suas vidas”, afirmou.
Segundo o chefe do Governo, o livro apresenta histórias reais de pessoas que enfrentaram o vício, nunca se colocaram na posição de vítima, ultrapassaram o vício e hoje são referências na sociedade.
“Eles mesmo representam histórias para contar aos outros, mostrar que não há impossibilidade, por mais difícil que a vida seja, há sempre a possibilidade de fazer ultrapassar os problemas, as dificuldades, desde que haja força interior, desde que haja vontade e também um ambiente favorável”, complementou.
Conforme relatou um dos embaixadores que participou no livro Péricles Santos, de 49 anos, começou a consumir álcool por curiosidade, ainda criança, e aos 15 já bebia às escondidas da família, mas após completar os 18 anos foi à tropa, onde experimentou outras substâncias e a partir daí mergulhou-se na droga.
“Tirou-me a minha dignidade social, fui um ladrão para a minha pessoa, fui um ladrão para as pessoas, roubei a mim mesmo, roubei às pessoas e à sociedade de São Vicente. Mas hoje, completei 11 anos, quatro meses e 11 dias a viver um dia de cada dia. Graças à minha superação, à minha família, aos meus quatro filhos”, declarou.
Também o terapeuta Artur Cardoso partilhou a sua história de vida que, disse, coincide com a de Péricles.
“Já com 12 anos, tive meu primeiro contacto com canábis, com 14 anos, tive contato direto com o álcool. E o álcool foi porta de entrada para todo tipo de droga na minha vida. Depois do álcool, veio a cocaína, a heroína, o ecstasy, pedra, crack que foi a minha perdição total”, relatou a mesma fonte, para quem esse histórico deu-lhe experiência para trabalhar no desenvolvimento pessoal dentro da sociedade ajudando outras pessoas a recuperarem-se do vício.
Segundo o coordenador do programa Embaixador da Esperança, José Pereira, que também enfrentou o vício, as drogas não escolhem entre “a cidade e as zonas de fralda”, porque “elas devastam, arrasam tudo o que encontram pela frente, sem piedade”.
“Aniquilam a dignidade do ser, empobrece-lhe a espiritualidade, anula o seu futuro, por mais promissor que possa ser”, acrescentou.
No acto do lançamento do livro foram certificados os embaixadores Péricles Santos e Aurora Lima, de São Vicente e Danilson Fortes, de Santo Antão.
Inforpress