A coordenadora residente das Nações Unidas, Patrícia Portela, classificou hoje as alterações climáticas de ameaça aos direitos humanos, água e saneamento, afectando diretamente no envidar de esforços e prioridades para um desenvolvimento sustentável centrado nas pessoas.
Durante a sua intervenção na abertura do workshop regional sobre o “Artigo 6 e Mercados do Carbono”, que acontece até dia 01 de Novembro, na Assembleia Nacional, a coordenadora elevou as alterações climáticas como “um dos maiores desafios actuais”, com impactos adversos à alimentação, saúde e habitação social.
Segundo Patrícia Portela, os Estados-membros das Nações Unidas se comprometeram a acelerar o cumprimento das obrigações, no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as alterações climáticas (UNFCCC) e do Acordo de Paris.
Conforme destacou, Cabo Verde possuiu uma das mais baixas emissões per capita de gases de efeito de estufa no mundo, estando, contudo, entre os países mais vulneráveis às alterações climáticas com desafios cruciais na gerência adequada dos recursos hídricos para os sistemas agroalimentares e um ecossistema saudável.
O país, acrescentou, enfrenta “vulnerabilidades únicas e significativas” que elevam as alterações climáticas como “prioridade nacional”, incidindo sobretudo nas ameaças que causa ao ambiente e à economia.
“A contribuição de Cabo Verde para as emissões globais é mínima, porém o País suporta uma carga desproporcional dos impactos da mudança climática. Essa realidade sublinha a necessidade de uma forte cooperação global e financiamento climático”, considerou, ressaltando que as mudanças nos padrões climáticos afectam a agricultura e as comunidades costeiras e a biodiversidade.
Patrícia Portela avançou que Cabo Verde assumiu um “compromisso significativo” para fazer face às alterações climáticas, de acordo com as suas “Contribuições Nacionalmente Determinadas”.
Cabo Verde, disse, identificou cinco contribuições para a mitigação dos efeitos nocivos dos gases, incluindo a eficiência energética e energias renováveis, mobilidade de baixo carbono e as soluções baseadas na natureza e no turismo sustentável.
“Enquanto pequeno estado insular em desenvolvimento, a economia se encontra condicionada por um espaço fiscal limitado, tornando desafiadora a mobilização de recursos internos necessários para financiar políticas e programas de ação climática em larga escala, como é a ambição nacional”, alertou.
Segundo coordenadora residente do Sistema das Nações Unidas, os elevados custos iniciais das infraestruturas das energias renováveis, da agricultura resiliente e das iniciativas de protecção costeira para o sector público e privado constituem outros desafios, evidenciando a limitação no acesso ao financiamento internacional.
O workshop regional “Artigo 6 e Mercados do Carbono” foi realizado pelo Governo e a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês) em parceria com a Aliança da África Ocidental sobre Mercados de Carbono e Financiamento Climático.
Inforpress/Fim