​​​​​​​País acolhe ciclo de conferência debate em comemoração dos 50 anos da independência até Junho de 2025

27/09/2024 23:20 - Modificado em 27/09/2024 23:35

A Curadoria Científica formada por professores e investigadores administra um ciclo de conferências e debates com especialistas e pesquisadores académicos sobre a comemoração dos 50 anos da independência de Cabo Verde a decorrer em diversos pontos do País.

A conferência, que se inicia hoje com o tema “Conferência Inaugural: Cinquentenário da Independência de Cabo Verde: Que Balanço?” no campus da Universidade de Santiago, na Praia, estende-se até o dia 28 de Junho de 2025, passando por vários concelhos do País e na diáspora.

Em entrevista à Inforpress, Ângela Coutinho, investigadora associada à Universidade Nova de Lisboa e integrante da Curadoria Científica explicou que se trata de uma iniciativa que permite a comemoração da trajectória de Cabo Verde durante estas cinco décadas, destaca as realizações do País e projecta estratégias para o desenvolvimento sustentável no futuro.

Conforme explicou a docente, o primeiro debate iniciou internamente, dentro da Curadoria Científica, há um ano junto dos outros investigadores Crisanto Barros da Universidade de Cabo Verde e Abel Djassi Amado dos Estados Unidos.

Para a organização, disse, interessa reunir perspectivas e debater propostas de especialistas e académicos nacionais, visando aprofundar questões e fragilidades que o País “talvez não conseguiu ultrapassar” nesses 50 anos, contribuindo para o seu progresso.

Segundo a investigadora, a Curadoria considerou como principais conquistas do País a edificação e viabilização de um novo Estado nacional soberano na arena internacional, consolidação do regime democrático através das realizações de eleições que vão resultando em sucessivas alternâncias políticas, institucionalização de uma economia de mercado e existência de uma moeda nacional estável.

Elencou igualmente a melhoria substancial do nível de instrução da população e dos cuidados de saúde, aumento do rendimento médio das famílias e elevação da esperança de vida das pessoas.

Os desafios presentes no quotidiano e que Cabo Verde precisa ultrapassar, na óptica desses investigadores, têm a ver com o aumento da descrença de franjas importantes da população na classe política, participação da sociedade civil na influenciação da agenda e decisões políticas, a elevada dívida pública e o crescimento da criminalidade sobretudo nos principais centros urbanos.

Indicou ainda a alta taxa de desemprego que atinge de forma drástica a camada juvenil, uma economia dependente da monocultura turística e estribada em baixo salários na qual as mulheres têm sido discriminadas e a precarização das condições de vida das famílias que vem agravando devido aos efeitos nefastos da seca prolongada, das crises sanitárias e das guerras a começar pela Ucrânia.

“Chama-se ciclo de conferências debates justamente porque nós queremos que o debate ganhe tanto espaço quanto às conferências dos oradores, serão debates híbridos, queremos a participação de pessoas em todas as ilhas e na diáspora”, disse, reforçando a preocupação em passar o legado aos mais jovens.

O debate vai resultar, numa das possibilidades, revelou, a elaboração de uma espécie de “cadernos de encargos”, uma lista indicativa dos caminhos que Cabo Verde deve seguir para reforçar o Estado e o bem-estar da população.

“Nós lançamos um ciclo de conferências debates para discutirmos juntos o que queremos fazer e tomar as decisões juntos. Nós não temos as ideias todas feitas, a Curadoria Científica não vai dar instruções às pessoas, estamos a criar um espaço para ouvir as pessoas “, esclareceu.

Inforpress

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