Depois de 29 dias familiares da jovem assassinada em São Vicente esperam autópsia do corpo

29/08/2024 18:36 - Modificado em 10/09/2024 15:42
Jennifer Lopes e na direita a mãe Francisca Lopes que espera autópsia da filha há quase um mês

“Quero a minha filha para a enterrar. Não quero mais nada neste momento, apenas isso” – desabafo de uma mãe que aguarda quase um mês para enterrar a filha.

Os familiares de Jennifer Lopes, assassinada, alegadamente, pelo ex-companheiro na madrugada do dia 01 de agosto, na zona de Ribeira Bote, em São Vicente, pedem a liberação do corpo para enterro. É que após 29 dias em câmara fria no Hospital Baptista de Sousa (HBS) ainda não foi feita a autópsia. Uma situação angustiante para a mãe que quer que lhe entreguem a filha para que possa dar-lhe o seu descanso.

Esta situação, conforme Francisca Lopes, vem-se arrastando há várias semanas. E essa longa espera, devido a falta de médicos legistas no país, que atualmente possui apenas um, tem causado constrangimentos aos familiares.

“É uma falta de respeito à dor dos familiares”, acusou a mãe, angustiada com esta situação, e quer apenas que lhe entreguem a filha mais nova, que lhe foi tirada de forma brutal. “É um sofrimento desnecessário. Estamos a sofrer com a sua perda. E agora também somos obrigados a lidar com essa espera”, diz Francisca que se encontra em São Vicente, desde do dia 04 de agosto.

Deveria viajar do Sal para São Vicente no dia 11, mas infelizmente devido ao acontecimento, teve que adiantar a sua passagem. Entretanto devido a problemática dos voos conseguiu viagem três dias depois do ocorrido.

“Não nos dizem nada. Vamos de um lado para outro e nada se resolve”, atira a mãe que diz-se com “dor de saber que a filha está deitada dentro de algo frio” durante esses 29 dias e que tudo está pronto para dar um enterro à filha.

Com 65 anos de idade, diz que o contrário deveria ser ela a ser enterrada pela “codé”, (filha mais nova), mas depara-se com isso. “Não é justo ela estar deitada no gelo”, realçou em lágrimas esta senhora que batalha com a irmã para resolver esta situação.

Com a falta de médicos com esta especialidade no país, vários familiares são obrigados a lidar com isso. “Soubemos que o único médico está de viagem para a ilha da Boa Vista para autopsiar um jovem que foi encontrado morto, enquanto a minha menina continua ali”, criticou.

Jennifer Lopes foi agredida com quatro facadas e não resistiu aos ferimentos e acabou por falecer. Mãe de três crianças menores, de 12, 8 e 6 anos viu a sua vida ser-lhe retirada, alegadamente, pelo ex-companheiro, em frente às instalações da Copa em São Vicente, com o crime registado por câmaras de segurança.

O principal suspeito, Hernani Lopes, conhecido como “Nany Deportode”, foi capturado cerca de uma hora e meia após o ataque, na zona de Fonte d’Inês.

Segundo os familiares, não foi a primeira vez que houve relatos de episódios de agressão da parte de Hernani.

Com o jovem na prisão, Francisca diz que desde o dia 23 que tinham agendado a primeira autópsia. Mas o médico não apareceu e estão neste impasse. “Isso não deveria ser permitido. Estão a brincar com o sofrimento das pessoas”, sustentou.

“Ela morreu, mas não é nenhum animal, e nem mesmo um animal deveria ser tratado assim”.

Para a mãe da jovem de 27, a liberação do corpo seria uma forma de seguir em frente numa angústia que já dura há quase um mês. E apelam às autoridades a respeitarem a dor dos familiares e criarem condições para evitar sofrimentos desnecessários.

Conforme fonte policial avançou, o suposto homicida foi detido algumas horas após o ocorrido em plena rua, na Avenida 12 de Setembro.

Além da jovem, o homem também terá ferido um rapaz que se encontra, neste momento, em casa, após ter sido hospitalizado.

O caso encontra-se sob a alçada da Polícia Judiciária.

photo Elvis Carvalho

Comente a notícia

Obrigatório

Publicidades
© 2012 - 2025: Notícias do Norte | Todos os direitos reservados.