Um grupo de agentes da Polícia Nacional de Santo Antão expôs hoje uma série de “problemas graves” que alegam estar a afectar a eficiência e a segurança nas esquadras da ilha.
Em declarações à Inforpress, os denunciantes, temendo represálias, pediram para não ser identificados e explicaram que os incidentes sobre questões que vão desde o excesso de carga horária até a má gestão de recursos e a falta de segurança está a afectar o desempenho dos efetivos na ilha.
De acordo com a denúncia, os agentes estão enfrentando longas jornadas de trabalho, com patrulhamentos que podem durar mais de seis horas a pé e em cada patrulha, são designados três elementos: um graduado de serviço, um patrulheiro e um condutor.
Este último, segundo as mesmas fontes, muitas vezes, é obrigado a percorrer grandes distâncias a pé, mesmo quando há necessidade de se deslocar rapidamente em viagem para atender às diligências.
“Esta situação não apenas sobrecarrega os agentes, mas também coloca em risco a segurança de todos, especialmente durante as viagens em que, muitas vezes, o condutor está com sono e cansado no turno da madrugada e é obrigado a conduzir a viatura para acudir as diligencias”, salientou.
Os denunciantes destacaram também a alegada falta de recursos e a insegurança em que os agentes se encontram.
Num caso citado, na Esquadra da Ponta do Sol, um único agente foi designado para um turno das 16:00 às 00:00 horas, e teve que lidar com uma briga entre grupos de jovens sem conseguir uma intervenção eficaz devido à ausência de reforço imediato.
“A dificuldade em obter apoio, mesmo com o pedido de reforço na esquadra vizinha, na Ribeira Grande evidenciou a falta de pessoal disponível para atender situações”, afirmou.
Outro ponto “crítico” levantado pelo grupo foi a “aparente má gestão” dos efectivos.
É que, segundo o grupo, recentemente, oito agentes foram deslocados para São Vicente durante o festival da Baía das Gatas, o que os mesmos questionaram sobre a alocação de recursos e a distribuição de pessoal.
“A pergunta é se há uma gestão eficiente dos efectivos em Santo Antão, considerando que a ilha enfrenta sérios desafios em termos de segurança e resposta a emergência?”, questionaram.
Conforme os agentes, apesar dos investimentos feitos na Polícia Nacional ao longo dos últimos dez anos, incluindo melhorias em equipamentos, a situação actual revela que esses avanços não produziram o impacto desejado na segurança pública.
E, neste sentido, os agentes pedem uma revisão urgente na gestão de pessoal e recursos, com a esperança de que medidas sejam tomadas para melhorar a eficiência da resposta policial e garantir a segurança adequada para todos os envolvidos.
“A situação, se não for resolvida, pode levar a consequências mais graves, e os policiais apelam às autoridades competentes que sejam céleres”, pediram.
Contactado pela Inforpress, o comandante regional da Polícia Nacional em Santo Antão, Cipriano Bandeira, reconheceu que há falta de mais efectivos nas esquadras sobretudo em Ponta do Sol.
No entanto, conforme a mesma fonte no que tange ao horário, é o padrão aplicado em todo o país e sempre é articulado e apiado.
Quanto aos agentes que foram enviados à São Vicente para apoiarem no festival Baía das Gatas, Cipriano Bandeira esclareceu que também é um procedimento normal, tanto é que neste final de semana agentes de São Vicente também serão deslocados à Santo Antão, para darem apoio no festival de Curraletes, no Porto Novo.
Inforpress/Fim