PAICV “estranha ataque” ao Presidente da República quando foi ele quem pediu inspecção à Presidência

18/08/2024 11:33 - Modificado em 18/08/2024 11:33

O presidente do PAICV, Rui Semedo, disse hoje “estranhar a onda de ataque sem precedentes” ao Presidente da República, José Maria Neves, quando foi ele próprio a pedir uma inspecção sobre as despesas da Presidência.

Rui Semedo falava à imprensa em reação ao último relatório da inspecção administrativa e financeira efectuada pela Inspecção Geral das Finanças (IGF) e que incidiu sobre as despesas com o pessoal da Presidência da República, recentemente divulgado.

Para ele, esta “onda de ataque” ao Presidente da República confirma que as pessoas não se conformaram com o resultado eleitoral, que escolheu José Maria Neves para a Presidência da República.

Evitando comentar o relatório da inspecção, Rui Semedo disse, no entanto, que não há nenhuma lei no país que diga que a primeira-dama deve ser casada com o Presidente, que o senso comum é que a primeira-dama seja mulher do Presidente da República.

“Ignora-se totalmente uma realidade social em Cabo Verde. Há muitas famílias que decidem unir-se, estabelecer-se e viver. Estas famílias existem e são milhares. Portanto, nesse caso, deve-se também ter em conta esse facto concreto”, observou.

Para o líder do maior partido da oposição, não se deve perder de vista em que contexto surgiram todas essas reacções, referindo, ao mesmo tempo, que apareceram a partir do momento em que o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, disse ter entregue o Plano de Cargos, Funções e Remunerações (PCFR) dos professores à Presidência da República para promulgação, no contexto de insatisfação dos professores.

“Surgiu também com algumas declarações do Presidente da República, designadamente, em que iria ouvir os sindicatos da classe docente, audição que, à partida, foi praticamente condenada pelo Primeiro-Ministro. Então, tinha que haver alguma acção para tentar silenciar e condicionar os poderes do Presidente da República”, comentou.

Sobre o dossier relacionado com as despesas do pessoal da Presidência da República, Rui Semedo reiterou que desde o início o Presidente da República assumiu “posições claras”, dizendo que haveriam de ser tomadas algumas “decisões imediatas”, entre elas a suspensão de todos os direitos e regalias da primeira-dama, inclusive do salário, e que ele próprio iria pedir uma inspecção às instâncias competentes, isto é, a IGF e ao Tribunal de Contas.

“E o Presidente da República deu uma garantia de que se houvessem irregularidades, tudo seria corrigido, e se fosse necessário repor, estava disponível para repor os recursos que foram utilizados nesse aspecto na Presidência da República. Pelo que não vejo nenhuma razão para essa tempestade, se o próprio presidente se diligenciou no sentido de haver uma inspecção a todo o processo que tem a ver com a Presidência da República”, enfatizou.

“Um acto inédito nesta República, pedagógico e exemplar. Com esta atitude, o Presidente da República deu um exemplo e demonstrou que todos devem ser fiscalizados e controlados, que ninguém deve ficar fora do escrutínio das instituições da República. A partir desta atitude do Presidente da República nada fica como dantes. Acho que todas as instituições devem se submeter de forma rigorosa ao escrutínio das instituições da República, a começar pelo Governo”, completou.

Ao fazer esta leitura, Rui Semedo aproveita a ocasião e convidou o Governo, através do primeiro-ministro e do vice-primeiro ministro e ministro das Finanças, a pegar neste facto e submeter-se também a uma fiscalização.

“O primeiro-ministro e o vice-primeiro ministro devem também, imediatamente, pedir a fiscalização dos recursos utilizados nos seus gabinetes para as diversas funções. Se não tomarem essa iniciativa, estarão a dar um mau exemplo à Nação e a esconder-se atrás de alguns factos. Quem fiscaliza, para estar em condições de fiscalizar tem que permitir que seja fiscalizado”, concluiu.

Inforpress

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