No âmbito das declarações da Câmara Municipal de São Vicente do passado dia 8 de Agosto, a SIMABÔ, esclarece que na sequência dos “desmandos” da autarquia, relativamente a captura de cães, juntou-se a um movimento na defesa dos interesses dos animais, alegando que esta não é uma situação política, como querem fazer passar.
“Tem sido um sofrimento com o que está a acontecer aos animais da nossa ilha; depois, a revolta com as acusações injustas e tentativas de descredibilização que têm sido feitas. Fomos apanhados numa teia de pessoas que, para desviarem a atenção do que realmente está a acontecer, precisaram de inventar mentiras”, apontou Sílvia Punzo.
A posição foi tomada esta quarta-feira, 14 de Agosto, em conferência de imprensa. Sílvia Punzo, presidente da SIMABÔ, alega que a “captura e abate sem planeamento é inútil para a diminuição da população canina” e acusa a edilidade de usar a política para fazer o controlo da população de cães através do abate.
E para isso é preciso de um veterinário, o que a autarquia não dispõe para realizar abates neste momento.
“Sabendo isto, convidamos toda a gente a imaginar o que tem acontecido aos cães que têm desaparecido das ruas de São Vicente e da Baía das Gatas e não têm chegado, sequer, ao canil municipal. Agarrem nas conclusões a que este simples exercício de lógica vos permite chegar, e tentem, agora, compatibilizá-las com a lei de proteção de animais atualmente em vigor em Cabo Verde. Impossível, certo”, atirou Silvia Punzo?
E relembra que a SIMABÔ não é uma entidade pública, é uma entidade de direito privado que não tem a obrigação de gerir a população canina e que apesar de cumprir a constituição cabo-verdiana, bem como todas as legislações aplicáveis, nomeadamente a civil, laboral e tributária. E que não está obrigada a responder à CMSV nem a outra entidade pública sobre as suas opções estratégicas nem a responsabilizar-se sobre a gestão da população canina da ilha de São Vicente.
“É importante que seja do conhecimento geral da população que a definição da legislação sobre esta temática é da responsabilidade do Governo Central, através do Ministério da Agricultura e do Ambiente, e que a execução da lei é dever das Câmaras Municipais”, destacou.
E que a edilidade tem o dever de recolher os cadáveres de animais encontrados na via pública e garantir um espaço para o enterro e/ou incineração dos mesmos, algo que tem sido feito pela organização e que a câmara nunca disponibilizou um espaço para enterrar os animais.
Perante isto, a SIMABÔ reforça que não deve justificações à CMSV, instituição que nunca cumpriu o “Protocolo de Cooperação entre a Câmara Municipal de São Vicente e Associação de Proteção dos Animais e Ambiente” assinado em Janeiro de 2016, nunca fez as intervenções necessárias a nível de regulação e fiscalização e da gestão dos resíduos urbanos dos quais os animais de rua se alimentam, e que nunca cooperou financeiramente com o projeto.
“Queremos deixar claro que as opções de gestão de recursos e os resultados alcançados são questões sobre as quais temos apenas o dever de responder aos nossos sócios e financiadores”, reforçou Punzo.
Diferença entre necessidade de financiamento e fins lucrativos
Sílvia Punzo, diz que o facto da SIMABÔ ser uma associação sem fins lucrativos não significa que se vive numa realidade alternativa onde não existe necessidade de financiamento. “E a verdade é que, quanto maior os fundos que conseguimos obter, maior o alcance do nosso trabalho”.
Afirma que desde do início da sua atividade e até o dia 15/07/2024, a SIMABÔ castrou gratuitamente cerca de 23.137 animais (cães e gatos), sendo que o número de castrações por ano tem crescido progressivamente: em 2023 foram castrados 2.679 animais (1.615 cães e 1.064 gatos).
E aponta outros números para o funcionamento da ONG, que possui 23 funcionários remunerados. E que em 2023, foram comprados e pagos pela SIMABO medicamentos e microchips no valor aproximado de 25.700 EUR.
O custo do cartão de sócio é 100$ (1€) por mês, o que inclui atendimento gratuito e desparasitação básica. A castração é sempre gratuita.
A SIMABÔ, prosseguiu a mesma fonte, paga a renda de 4 espaços, tem gastos com gasóleo e manutenção de 2 viaturas e alimenta e cuida diariamente de mais de 70 animais nas nossas instalações.
![]() |